|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Recados para 2010
COSTA DO SAUÍPE - Pesquisa
ontem publicada pelo jornal britânico "The Guardian" contém material de reflexão tanto para o governo Lula como para seus opositores
com vistas ao pleito de 2010.
A pesquisa mostra que o Partido
Trabalhista, no governo, ganhou sete pontos sobre os conservadores
no mês passado, em plena tempestade econômico-financeira.
A interpretação do jornal é a de
que David Cameron, o líder conservador, não é visto pelo público como o homem capaz de ressuscitar a
economia.
Se se pudesse fazer uma transposição para o Brasil, sou capaz de
apostar que o público não veria nenhum líder da oposição como mais
capaz de enfrentar a tormenta do
que o líder em funções, um certo
Luiz Inácio Lula da Silva. Mais ainda, aliás, do que no Reino Unido,
posto que ninguém sério pode acusar Lula de responsabilidade pela
crise -por ação ou omissão.
Já Brown, por ter sido ministro
da Economia e em seguida primeiro-ministro, pode, sim, ser responsabilizado ao menos por parte da
crise, já que não soube ou não pôde
coibir os excessos que estão na origem dela.
Claro que tudo isso, lá e cá, pode
mudar em razão da profundidade
da crise. Mas, hoje por hoje, a oposição precisará de muito mais do que
torcer pelo agravamento da crise
para arranhar Lula.
O recado é também para o governo Lula. A pesquisa britânica é claramente um julgamento pessoal,
não partidário. Brown parece mais
confiável para tempos de crise do
que Cameron. Mas, se Brown não
pudesse ser candidato (pode), não
parece haver no horizonte nenhum
outro trabalhista que mereça o
mesmo teor de confiança.
No Brasil, Lula não pode ser candidato. Seu problema é, pois, transferir a confiança -e, por extensão,
os votos- para outro nome da situação. Uma tarefa que é tudo
menos trivial.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Retalhos de reforma
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Voltas que o mundo dá Índice
|