São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Recados para 2010

COSTA DO SAUÍPE - Pesquisa ontem publicada pelo jornal britânico "The Guardian" contém material de reflexão tanto para o governo Lula como para seus opositores com vistas ao pleito de 2010.
A pesquisa mostra que o Partido Trabalhista, no governo, ganhou sete pontos sobre os conservadores no mês passado, em plena tempestade econômico-financeira.
A interpretação do jornal é a de que David Cameron, o líder conservador, não é visto pelo público como o homem capaz de ressuscitar a economia.
Se se pudesse fazer uma transposição para o Brasil, sou capaz de apostar que o público não veria nenhum líder da oposição como mais capaz de enfrentar a tormenta do que o líder em funções, um certo Luiz Inácio Lula da Silva. Mais ainda, aliás, do que no Reino Unido, posto que ninguém sério pode acusar Lula de responsabilidade pela crise -por ação ou omissão.
Já Brown, por ter sido ministro da Economia e em seguida primeiro-ministro, pode, sim, ser responsabilizado ao menos por parte da crise, já que não soube ou não pôde coibir os excessos que estão na origem dela.
Claro que tudo isso, lá e cá, pode mudar em razão da profundidade da crise. Mas, hoje por hoje, a oposição precisará de muito mais do que torcer pelo agravamento da crise para arranhar Lula.
O recado é também para o governo Lula. A pesquisa britânica é claramente um julgamento pessoal, não partidário. Brown parece mais confiável para tempos de crise do que Cameron. Mas, se Brown não pudesse ser candidato (pode), não parece haver no horizonte nenhum outro trabalhista que mereça o mesmo teor de confiança.
No Brasil, Lula não pode ser candidato. Seu problema é, pois, transferir a confiança -e, por extensão, os votos- para outro nome da situação. Uma tarefa que é tudo menos trivial.

crossi@uol.com.br


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