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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Aécio abre a janela
SÃO PAULO - O gesto de Aécio
Neves transfere uma imensa responsabilidade para cima de José
Serra. Pelo seu calendário particular, o governador de São Paulo gostaria de esperar até março, para então abrir a janela e observar se há
perspectiva de sol para os tucanos
em 2010. Com o tempo muito fechado e tempestades à vista, Serra
-com algum custo, é óbvio- poderia ainda virar as costas para a Presidência e cuidar de seu jardim paulista, onde teria, em tese, uma reeleição mais ou menos tranquila.
A janela que convoca Serra para a
guerra -faça chuva ou faça sol- foi
aberta ontem pelo governador de
Minas. Isso não quer dizer que Serra "já é" candidato, mas que o preço
político a pagar por uma eventual
desistência agora ficou muito alto.
Aécio vinha se sentindo desconfortável com a indefinição do quadro sucessório no PSDB. Temia
passar pelo que Geraldo Alckmin
viveu em 2006. A perspectiva de ficar refém das dúvidas hamletianas
de Serra, o risco de sua "alckmização", foi o que o mineiro quis afastar de si, abrindo mão da disputa.
"Seguro as rédeas de meu destino", diz Aécio, preocupado em desfazer tanto a impressão de que será
um reserva sempre disponível e
disposto a entrar em campo, sob
quaisquer condições, como a ideia
de que há um acordo oculto pelo
qual ele será candidato a vice.
Aécio acredita que sua saída do
jogo agora obrigará Serra a movimentar-se com mais objetividade,
levando-o a "tomar algumas atitudes" como candidato. O mineiro
avalia, por exemplo, que uma candidatura de oposição em torno da
aliança PSDB-DEM-PPS é muito
frágil diante do arrastão partidário
e da força da máquina que o governo mobilizará por Dilma Rousseff.
Por ora, Aécio não considera a hipótese de ser vice de Serra. Prefere
a eleição certa ao Senado, que lhe
permitiria ficar em Minas e trabalhar por Antonio Anastasia, seu
atual vice, na disputa pelo governo.
Mas política, diz o chavão, é como
nuvem. Ao abrir a janela de Serra,
Aécio não fechou, ainda, nenhuma
porta para si mesmo.
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