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Editoriais
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Melhores médicos
Não é segredo para ninguém
que a formação de médicos no
Brasil vive simultaneamente uma
expansão e uma crise. Em menos
de duas décadas, o número de faculdades mais que dobrou, passando de 80 para 180.
Dezessete delas não obtiveram
em 2008 a nota mínima no Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) exigida pelo Ministério da Educação (MEC).
O Estado de São Paulo concentra o maior número de escolas médicas (30) do país. Elas não são
imunes às graves falhas que acometem os cursos. São paulistas 3
das 17 instituições reprovadas.
Há algum tempo, já, se discute a
necessidade -óbvia, para esta
Folha- de um exame de habilitação para a profissão de médico. Se
a estrutura credenciadora de cursos do MEC não consegue garantir
uma qualidade mínima, a sociedade precisa ser protegida de outra maneira da atuação de profissionais mal qualificados.
O Cremesp (Conselho Regional
de Medicina do Estado de São
Paulo) aplica desde 2005 uma
prova não obrigatória para formandos em medicina, em duas
fases. A primeira, teórica, exige
nota 6 para que o formando passe
à seguinte, de cunho prático. Cerca de um quarto dos alunos paulistas fizera a prova em 2010.
Os resultados são desalentadores. A reprovação na primeira etapa oscilou entre 32% (2005) e 61%
(2008) nas seis edições da prova.
Neste ano, a reprovação na primeira fase ficou em 43%. Na segunda, colheu-se resultado ainda
mais acabrunhador: 68% de fracasso. Nas cinco provas anteriores, a reprovação na segunda fase
nunca ultrapassara 10%.
Decerto não ocorreu piora tão
acentuada da qualidade dos formandos em um só ano. Parece
evidente que o exame carece de
padronização de critérios ou capacidade discriminadora. Outra
hipótese, aventada pelo Cremesp,
é uma mudança no perfil da
amostra, com menor participação
de alunos de escolas tradicionais.
Qualquer que seja a explicação,
duas conclusões se impõem: primeiro, há que calibrar melhor a
prova; depois, insistir em que se
torne obrigatória.
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