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IGOR GIELOW
A crise e a Fazenda
BRASÍLIA - Durante todos os
anos do governo Lula, o que mais se
ouviu dos tucanos e pefelês, ops,
"demos" em geral era que tudo estava bem porque a economia mundial cruzava céus de brigadeiro.
Que, como presidente, o petista é
um ótimo surfista. Que FHC só
naufragou no segundo mandato
porque era um administrador de
crises. Infelizmente, parece que teremos uma chance de tirar a limpo
a tese oposicionista.
Quando o presidente americano
afirma que há risco de recessão, a
coisa está feia. Tudo bem que dia
desses Bush falou no risco de uma
Terceira Guerra Mundial, mas não
se pode ignorar o que um mandatário dos EUA diz, mesmo que um
"pato manco" em estágio avançado
como ele. Ninguém arrisca vaticinar o que vai acontecer, se uma turbulência ou uma hecatombe, mas
os sinais não são encorajadores.
Por aqui, o discurso oficial é o
possível: os fundamentos da economia estão bem, temos um colchão
de reservas fofo o suficiente para
absorver choques. Tudo isso é verdade. Mas há dúvidas sérias, como o
grau de infecção possível das empresas brasileiras mais globais.
O que não ajuda é a Fazenda. Sem
fazer coro às viúvas de Antonio Palocci Filho, cujos méritos costumam ser exagerados por uma ativa
torcida "queremista" na mídia e no
mercado, é forçoso dizer que Guido
Mantega não inspira confiança para o caso de a crise explodir. Suas
declarações pendulares, a inabilidade política, o "desenvolvimentismo" voluntarista de sua equipe, nada disso é motivo de conforto.
Logo, surgem sussurros sobre alternativas. No escopo governista,
muitos levam à sede do BNDES:
Luciano Coutinho tem uma influência como havia muito não se
via no cargo, embora não faça o tipo
"gênio das finanças" à la Armínio
Fraga, que geralmente é necessário
nessa hora. Mantega deve estar
acendendo velas. Por motivos diversos, nós também deveríamos.
igielow@folhasp.com.br
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