|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROGÉRIO GENTILE
Procuram-se juízes
SÃO PAULO - Salário inicial de
cerca de R$ 18 mil, status, cargo de
chefia e liberdade de atuação.
Quem não gostaria de ter um emprego desses?
Por incrível que pareça, o Judiciário brasileiro tem centenas de
vagas assim, em diversos Estados, e
não as preenche simplesmente porque os candidatos não conseguem
passar nos concursos para juiz.
O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, colocou 183 cargos
de magistrados em disputa no ano
passado. Houve 5.459 pessoas inscritas, mas, no final das contas, só
76 foram aprovadas.
No Rio de Janeiro, o último concurso promovido pelo TJ foi ainda
mais vexatório. Dos 2.019 candidatos que concorreram a 50 postos da
Justiça estadual, apenas três foram
considerados aptos para ingressar
na magistratura.
O mais curioso nessa falta de juízes é que nos últimos anos o país sofreu um boom nos cursos de direito,
que passaram de 235 em 1995 para
971 em 2006 (o governo federal ainda não divulgou o censo de 2007,
mas não será surpresa se o número
já for superior a mil).
O problema é que Lula e FHC optaram pela massificação indiscriminada do ensino superior, permitindo a abertura de cursos sem dar a
mínima para a qualidade e sem tentar direcioná-los para as áreas nas
quais o país tem grande carência de
mão-de-obra.
O resultado é que, no mesmo Brasil em que faltam engenheiros, geólogos e técnicos em geral, sobram
advogados sem condições de participar de uma audiência ou incapazes de redigir uma petição-quanto
mais de disputar um concurso para
a magistratura.
E isso serve apenas para agravar
um outro buraco do país, o do próprio Judiciário, onde um processo
pode se alongar por cinco, dez, 15
anos ou mais e muitas vezes o crime
prescreve sem que os acusados tenham sido julgados.
Texto Anterior: Editoriais: Brasil antártico
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Obama e o PT Índice
|