São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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LUIZ FERNANDO VIANNA

Idéias que ninguém pediu

RIO DE JANEIRO - Conversando com um jornalista há alguns anos, a carnavalesca e comentarista Maria Augusta deu um conselho aos que dizem que bons eram os Carnavais do passado: que fossem ver os desfiles da Intendente Magalhães, a estrada de Madureira de onde saem as escolas dos grupos C, D e E do Rio. Eles adorariam tanta pobreza.
Como escreveu Plínio Fraga ontem neste espaço, "a saudade é instituição nacional". Mas o banzo tem de ser muito forte para não admitir que o espetáculo ficou mais bonito de ver e mais surpreendente. Exemplo? As transformações das comissões de frente.
O problema é que, enquanto tudo melhorou para os olhos, piorou para os ouvidos e os corações. Com raras exceções, os sambas são horrorosos. Isso contribui para o desempenho frio dos componentes e dos espectadores, inclusive os da TV.
Seguem, então, sugestões para o tema, dentro da série "ninguém me perguntou nada, mas eu falo assim mesmo, afinal é Carnaval":
1 - reduzir o número máximo de componentes de cada escola de 4.500 para 3.500, a fim de facilitar a evolução e permitir que o samba seja mais cadenciado, não esse atropelo de palavras que é hoje;
2 - para compensar o dinheiro perdido com a venda de menos fantasias e também melhorar a evolução, diminuir o número máximo de alegorias de oito para sete. Os carros consomem 40% do orçamento de uma escola;
3 - instituir um prêmio polpudo para o melhor samba, levando os compositores a não pensar apenas na grana do CD dos sambas-enredo, mas também em qualidade;
4 - homenagear, estimular e até subsidiar os melhores autores, hoje alijados das disputas porque não entram nos e$quemas: Jurandir, Hélio Turco, Luiz Carlos da Vila...
Ah, nada disso é comercial? Bem, falei de samba, não de comércio.


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