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LUIZ FERNANDO VIANNA
Idéias que ninguém pediu
RIO DE JANEIRO - Conversando
com um jornalista há alguns anos, a
carnavalesca e comentarista Maria
Augusta deu um conselho aos que
dizem que bons eram os Carnavais
do passado: que fossem ver os desfiles da Intendente Magalhães, a estrada de Madureira de onde saem
as escolas dos grupos C, D e E do
Rio. Eles adorariam tanta pobreza.
Como escreveu Plínio Fraga ontem neste espaço, "a saudade é instituição nacional". Mas o banzo tem
de ser muito forte para não admitir
que o espetáculo ficou mais bonito
de ver e mais surpreendente.
Exemplo? As transformações das
comissões de frente.
O problema é que, enquanto tudo
melhorou para os olhos, piorou para os ouvidos e os corações. Com raras exceções, os sambas são horrorosos. Isso contribui para o desempenho frio dos componentes e dos
espectadores, inclusive os da TV.
Seguem, então, sugestões para o
tema, dentro da série "ninguém me
perguntou nada, mas eu falo assim
mesmo, afinal é Carnaval":
1 - reduzir o número máximo de
componentes de cada escola de
4.500 para 3.500, a fim de facilitar a
evolução e permitir que o samba seja mais cadenciado, não esse atropelo de palavras que é hoje;
2 - para compensar o dinheiro
perdido com a venda de menos fantasias e também melhorar a evolução, diminuir o número máximo de
alegorias de oito para sete. Os carros consomem 40% do orçamento
de uma escola;
3 - instituir um prêmio polpudo
para o melhor samba, levando os
compositores a não pensar apenas
na grana do CD dos sambas-enredo,
mas também em qualidade;
4 - homenagear, estimular e até
subsidiar os melhores autores, hoje
alijados das disputas porque não
entram nos e$quemas: Jurandir,
Hélio Turco, Luiz Carlos da Vila...
Ah, nada disso é comercial? Bem,
falei de samba, não de comércio.
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