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Intimidação e má-fé
BISPOS da Igreja Universal do Reino de
Deus desencadeiam, contra os jornais
"Extra", "O Globo", "A Tarde" e esta Folha, uma campanha movida pelo sectarismo,
pela má-fé e por claro intuito de intimidação.
Em dezembro, a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo
as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Logo surgiram, nos mais diversos lugares
do país, ações judiciais movidas por adeptos
da Igreja Universal que se diziam ofendidos
pelo teor da reportagem.
Na maioria das petições à Justiça, a mesma
terminologia, os mesmos argumentos e situações se repetiam numa ladainha postiça. O
movimento tinha tudo de orquestrado a partir
da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados
em suas crenças.
Magistrados notaram rapidamente o primarismo dessa milagrosa multiplicação das
petições, condenando a Igreja Universal por
litigância de má-fé. Prosseguem, entretanto,
as investidas da organização.
Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de
depoimentos nos mais inacessíveis recantos
do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao
exercício de sua atividade profissional.
É ponto de honra desta Folha sempre ter
repelido o preconceito religioso. A liberdade
para todo tipo de crença é um patrimônio da
cultura nacional e um direito consagrado na
Constituição. A pretexto de exercê-lo, porém,
os tartufos que comandam essa facção religiosa mal disfarçam o fundamentalismo comercial que os move. Trata-se de enriquecimento
rápido e suspeito -e de impedir que a opinião
pública saiba mais sobre os fatos.
Não é a liberdade para esta ou aquela fé religiosa que está sob ataque, mas a liberdade de
expressão e o direito dos cidadãos à verdade.
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