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VASTAS ACUSAÇÕES
O pior dos mundos parece instalado em Brasília. Trata-se do
alastramento da sensação de que a
política é um setor da vida social que,
na prática, não combina com os valores republicanos. É perniciosa a
sensação difusa de que todos se locupletam na política.
A confirmação de que houve violação no sigilo da votação que cassou o
mandato do ex-senador Luiz Estevão
e o teor dos depoimentos dos funcionários que confessaram tê-la praticado coroaram um processo de escalada de suspeitas gravíssimas contra
algumas das mais destacadas figuras
da política nacional. Debates estranhos se instalam no Congresso Nacional. É o caso do que procura estabelecer se está na Sudam ou na Sudene o maior volume de fraude.
O ritmo do noticiário é tal que algumas horas bastam para retirar um
grande escândalo do foco, pelo afloramento de outro. Um exemplo disso é o fato de que, na noite que antecedeu a descoberta da violação do sigilo no Senado, a Polícia Federal pôs-se a cumprir mandados de prisão
contra 27 pessoas acusadas de desviar recursos da Sudam. Entre elas
estava um ex-sócio da mulher do presidente do Senado, Jader Barbalho.
O caminhar dos acontecimentos
colocou em xeque a estratégia governista, a mesma adotada desde os primórdios da gestão FHC, de buscar
retirar dos escândalos o interesse geral. Algumas tentativas de contornar
a situação rapidamente mostraram
sua tibieza institucional e política. A
insistência em evitar a muito custo a
criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, se tem uma lógica
do ponto de vista do Executivo, só faz
aumentar, a cada fato novo, seu potencial de desgaste para a imagem do
governo.
A melhor resposta contra a proliferação, de resto injusta, das suspeitas
contra a "classe" política é o esclarecimento de cada suspeita, individualizando as responsabilidades pelos
desmandos e estabelecendo as punições cabíveis, inclusive as políticas.
Não há por que temer fazê-lo dentro
das regras democráticas há mais de
15 anos restabelecidas no Brasil.
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