São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Violência
"Em entrevista à Folha ("Desigualdade, e não pobreza, gera violência", Cotidiano, 18/4), Sônia Rocha mostra a verdade: a violência é fruto da desigualdade social, e não da pobreza. A causa inicial é a violência dos ricos, caracterizada pela ostentação de padrões de vida requintados, copiados de países muito mais adiantados. Ao mesmo tempo, são indiferentes em relação às coisas simples de que os mais pobres tanto necessitam e que podem ser atendidas por distribuição nada sangrenta da renda."
José Pascoal Vaz (Santos, SP)

Governo Lula
"Milhões de eleitores votaram em Lula pois acreditavam em mudanças profundas na economia. A declaração do atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, apoiando a gestão econômica de FHC/ Malan, é uma infâmia e um insulto àqueles que votaram em Lula acreditando em mudanças."
Carla Ponce de Leon (Bauru, SP)

Índios e garimpeiros
"Todo o Brasil viu o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, dizer nos telejornais que sentia muito a morte de mais de 20 garimpeiros em Rondônia, mas completou dizendo que os índios estavam defendendo a terra deles. Ora, se os índios podem matar defendendo suas terras (sabemos perfeitamente da inimputabilidade deles), por que os fazendeiros também não podem? Apesar dessa comparação grosseira, o que chama a atenção é um "companheiro" do governo Lula dizer bobagens como essa. A UDR agradece."
Hermes Moreira (Santa Rita do Sapucaí, MG)

Novas bactérias
"Muito oportuno o editorial "Novas bactérias" (Opinião, 18/4), que demonstra preocupação em relação à resistência dos microrganismos patógenos diante dos antibióticos rotineiramente usados. Para driblar os altos custos do desenvolvimento de drogas, é necessário que toda equipe de saúde esteja consciente das normas de biossegurança que devem ser aplicadas em locais que apresentam índices de contaminação por patógenos. Muitas vezes, há grande preocupação com o desenvolvimento de drogas de custos elevados e pouca preocupação com a infecção cruzada de microrganismos patógenos entre toda a equipe de saúde. Seguramente, se cuidados fossem tomados no sentido de precaver a tal contaminação cruzada, esses microrganismos não desenvolveriam um grau elevado de resistência. Novas drogas são necessárias, mas investimentos em educação e treinamento em biossegurança tem custo mais reduzido e gera resultados já consagrados."
Fabiano de Sant'Ana dos Santos, professor de parasitologia da Unifeb -Fundação Educacional de Barretos (Barretos, SP)

Uso do tempo
"Fernando Rodrigues, na coluna "Degradação e deboche" (Opinião, 17/4), relatou a piada feita pelo senador Mão Santa (PMDB-PI) sobre o PT no governo federal. Não vou perder o meu tempo para reproduzi-la. Apenas gostaria de dizer que o senador poderia usar o tempo que a sociedade lhe paga -muito bem- com imenso sacrifício para ajudar a democracia e o governo do presidente Lula. Se não tiver o que falar, siga a máxima: quando não se tem o que dizer, é melhor ficar calado!"
Francisco Claudio Tavares (Mogi das Cruzes, SP)

Vida
"A senhora Dulce Xavier ("Painel do Leitor", 13/4) tem todo o direito de defender o que bem entender. Todavia a doutrina católica ensina que o óvulo fecundado já é uma vida. A Igreja Católica prega a fé e a moral. Quem acha que deve acompanhá-la, segue suas diretrizes. Nessa mesma coluna, um renomado médico disse, com todas as letras, que é preciso saber que a pílula do dia seguinte é um aborto. Por isso a igreja tem bom embasamento em sua doutrina. Como a senhora Dulce não aceita essa tese, está usurpando o nome de católica!
Giovanni Pelella (São Luís, MA)

Repetência
"Aplausos para o colunista Gilberto Dimenstein, que abordou em hora apropriada os malefícios da repetência na vida do estudante ("Repetência é coisa de pobre", Cotidiano, 18/4). Ele foi também muito feliz ao apontar quais são os problemas que contribuem para a ocorrência das reprovações: "a regra são as deficiências, ou seja, salas cheias, professores com baixos salários, pouca qualificação e pesadas cargas horárias, laboratórios e bibliotecas defasados". Penso que, se os responsáveis pelas escolas, particulares ou públicas, lutarem para que esses graves problemas sejam resolvidos logo, é provável que a educação brasileira dê um grande passo."
Neuton Luiz Ramos de Melo (Formoso do Araguaia, TO)

Poder do Ministério Público
"A atual discussão acerca da limitação dos poderes investigatórios do Ministério Público está inserida em um contexto de intimidação. Como se percebe no noticiário, o Ministério Público vem incomodando "poderosos". Em razão disso, na contramão do que seria natural para o fortalecimento do Estado democrático de Direito, pretendem os "incomodados" suprimir ou limitar prerrogativas do MP. Especificamente no tocante à investigação criminal, o ideal seria a atuação conjunta da polícia e do Ministério Público, sem exclusividade para uma ou para outro, pois a finalidade perseguida é a mesma: a punição concreta do criminoso. A prevalecer essa ideologia de enfraquecimento do Ministério Público, a sociedade sairá perdendo -e muito."
Anderson Osório Resende, promotor de Justiça substituto (Ibaiti, PR)

Menor infrator
"Em resposta à carta do leitor Paulo Boccato ("Painel do Leitor", 13/4), esclareço que o governo do Estado está investindo em uma nova concepção de atendimento ao menor infrator: são unidades menores, com forte agenda psicopedagógica, educação profissionalizante e trabalho para fortalecer os vínculos familiares. Em Franco da Rocha estão os infratores com mais de 18 anos, que, por representarem os casos mais graves, deveriam ser enviados para unidades prisionais apropriadas. O governador Geraldo Alckmin encaminhou para discussão no Congresso Nacional, em 19/11/03, proposta cujas principais sugestões de alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) são: 1) o cumprimento de medidas socioeducativas com prazo determinado entre seis meses e três anos na Febem; 2) no caso de infrações graves, essa pena chegaria aos oito anos (ou a dez em casos de reincidência); 3) o menor que atingir 18 anos antes do término da pena passaria por avaliação multidisciplinar para que se determine se deve ou não voltar para o convívio social. Se ficar comprovado que não deve voltar, será transferido para uma ala especial de unidade prisional comum, na qual cumprirá, apartado dos demais presos até completar 21 anos, o restante da pena. Em Brasília, foi criada uma comissão para discutir o tema. O governo do Estado realizou investimentos importantes na modernização dos equipamentos e armamentos para a polícia paulista. Como resultado, o número de prisões aumentou 9,76% de 2002 para 2003 (143.427 prisões contra 130.676)."
Sircarlos Parra Cruz, coordenador de imprensa do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

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