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Editoriais
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Estádio inútil
O TEMPO PASSA e os temores
quanto à falta de racionalidade e transparência na
construção de estádios para a
Copa de 2014 parecem mais próximos de se materializar.
O cronograma vai sendo abandonado, frustram-se as expectativas de participação mais intensa da iniciativa privada, sobe a
previsão de gastos e aumenta o
risco de que as obras se realizem
em regime de urgência, sem os
procedimentos adequados de
concorrência pública.
Reportagem publicada por esta Folha, em fevereiro, já mostrava que as despesas no Brasil
devem superar largamente as da
Copa da África do Sul -e em cerca de 90% serão bancadas por
verbas governamentais, sob a
forma de empréstimos do
BNDES a Estados e prefeituras.
Nesse cenário, desenrola-se
uma bizarra novela acerca da
aprovação do estádio do Morumbi para palco da abertura do
torneio. Representantes da Fifa
têm apresentado versões contraditórias sobre a adequação do
projeto de reforma -que na
quinta-feira passada foi enviado,
em nova versão, à vetusta entidade máxima do futebol.
Diante do consenso de que a
partida final deve ocorrer no
Maracanã -como havia sugerido o próprio governador de São
Paulo, José Serra-, surgiu a
ideia de a maior cidade do país
receber o primeiro jogo da Copa.
É um pleito simpático, mas
que não deve ser defendido a
qualquer preço, como bem alertou Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris, em artigo publicado quinta-feira na seção
"Tendências/Debates".
Seria de fato um erro grave ceder às pressões, movidas por interesses nebulosos, para que se
erga uma nova arena esportiva
na cidade, financiada pelo poder
público, com custos que podem
chegar ao dobro dos estimados
para a reforma do Morumbi
-um dos três estádios privados
previstos para o evento.
São Paulo não deve gastar dinheiro do contribuinte em estádios de futebol. Deve aplicá-lo,
sim, em infraestrutura, para melhorar a vida na metrópole.
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