São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Editoriais

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Estádio inútil

O TEMPO PASSA e os temores quanto à falta de racionalidade e transparência na construção de estádios para a Copa de 2014 parecem mais próximos de se materializar.
O cronograma vai sendo abandonado, frustram-se as expectativas de participação mais intensa da iniciativa privada, sobe a previsão de gastos e aumenta o risco de que as obras se realizem em regime de urgência, sem os procedimentos adequados de concorrência pública.
Reportagem publicada por esta Folha, em fevereiro, já mostrava que as despesas no Brasil devem superar largamente as da Copa da África do Sul -e em cerca de 90% serão bancadas por verbas governamentais, sob a forma de empréstimos do BNDES a Estados e prefeituras.
Nesse cenário, desenrola-se uma bizarra novela acerca da aprovação do estádio do Morumbi para palco da abertura do torneio. Representantes da Fifa têm apresentado versões contraditórias sobre a adequação do projeto de reforma -que na quinta-feira passada foi enviado, em nova versão, à vetusta entidade máxima do futebol.
Diante do consenso de que a partida final deve ocorrer no Maracanã -como havia sugerido o próprio governador de São Paulo, José Serra-, surgiu a ideia de a maior cidade do país receber o primeiro jogo da Copa.
É um pleito simpático, mas que não deve ser defendido a qualquer preço, como bem alertou Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris, em artigo publicado quinta-feira na seção "Tendências/Debates".
Seria de fato um erro grave ceder às pressões, movidas por interesses nebulosos, para que se erga uma nova arena esportiva na cidade, financiada pelo poder público, com custos que podem chegar ao dobro dos estimados para a reforma do Morumbi -um dos três estádios privados previstos para o evento.
São Paulo não deve gastar dinheiro do contribuinte em estádios de futebol. Deve aplicá-lo, sim, em infraestrutura, para melhorar a vida na metrópole.


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