São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

Texto Anterior | Índice

PAINEL DO LEITOR

Estradas
"Em relação ao artigo "Infra-estrutura, desafio de tirar o sono" (Dinheiro, pág. B2, 7/5), de autoria do empresário Benjamin Steinbruch, a Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), órgão encarregado de fiscalizar a prestação de serviços e o cumprimento dos contratos de concessões assinados entre o governo do Estado e as 12 empresas concessionárias de rodovias, esclarece dois pontos para melhor entendimento do leitor. As rodovias administradas pela iniciativa privada não foram privatizadas, mas, sim, concedidas por um período de 20 anos. Ao final do contrato, elas retornarão ao Estado com todas as melhorias e benfeitorias nelas realizadas. O programa de concessões, diferentemente do que diz o artigo, não onerou o setor de transporte de cargas com aumento de pedágios da ordem de 340%. Desde a implementação, em março de 98, até os dias atuais, a tarifa de pedágio aumentou 43,45% para veículos de passeio e comerciais -sem distinção. A tarifa, conforme determina o contrato, é reajustada a cada ano pelo IGP-M, medido pela FGV. O acumulado em quatro anos é muito inferior ao que foi descrito no artigo."
Adherbal Vieira, assessor de imprensa da Artesp (São Paulo, SP)

Resposta de Benjamin Steinbruch - Quando se fala em privatização, no caso de rodovias, naturalmente se entende privatização da operação do serviço, e não venda propriamente dita da rodovia. O aumento do custo do pedágio deu-se não apenas pela elevação das tarifas mas também pelo aumento do número de praças de pedágio. Por isso, em alguns casos, o acréscimo de custos para o transportador atingiu até 340%.

Consulado em Nova York
"A coluna de Elio Gaspari de 12/5 ("O consulado em Nova York está sem tempo para atender à choldra", Brasil, pág. A14) critica de maneira imprevista os horários experimentais que pretendo introduzir a partir de 1º de junho para racionalizar o atendimento da comunidade brasileira. Não há nenhuma razão para merecermos a crítica, pois o esquema ainda não foi testado. Por outro lado, a linguagem utilizada ("choldra", "patuléia') não é própria do tratamento dedicado e respeitoso que o Consulado Geral dá a cidadãos, aos quais fui buscar -pessoal e sistematicamente- em suas áreas de moradia e de trabalho, em encontros periódicos que realizamos e nos quais a palavra de ordem era serviço e o contato era descontraído. O serviço de atendimento consular tem aumentado muito. Quando aqui cheguei, no final de 1998, a média de atendimentos diários beirava os 200 -entre brasileiros e estrangeiros-, e o número de telefonemas era pequeno. A política de aproximação com a comunidade abriu o consulado à clientela brasileira, e a confiança na eficiência dos serviços cresceu proporcionalmente à campanha de contatos diretos. Os números mais que dobraram em três anos. Hoje são cerca de 600 atendimentos por dia -entre brasileiros e estrangeiros- no balcão, nos telefones e por e-mail, que ocupam 22 funcionários, um cônsul-adjunto e dois vice-cônsules (únicos autorizados a assinar a documentação). Serão 17 se não incluirmos nesse número os cinco funcionários que atendem a cidadãos americanos. Com esses números, teoricamente, cada funcionário atende a 27 situações por dia. Serão muitas situações diárias mais por funcionário se contarmos só os que estão aplicados a trabalhar diretamente com cidadãos e a preparar a documentação. O atendimento nos horários atuais vem produzindo resultados que, entretanto, podem ser aprimorados. Esse é o sentido dos novos horários. A distinção entre horário de recebimento dos pedidos de documentação e horário para entrega concentrará o contato de balcão em períodos racionalizadores, mas não interromperá o expediente consular. Há que dar tempo para o processamento. Não há horários livres para os funcionários. Estão todos ocupados todo o tempo com a assistência a brasileiros, prioridade consular absoluta. O horário interno estende-se das 9h às 18h. Antes de pôr em prática a medida, foi divulgada, com um mês de antecedência, uma nota explicativa em todos os meios de informação da comunidade. Estou consciente de minha tarefa e a faço como servidor. As modalidades de atendimento obedecem somente ao critério de bem servir."
Flávio Perri, cônsul-geral em Nova York, consulado@brazil.ny.org (Nova York, EUA)

Irmãos distantes.
"Num país já tão cheio de mazelas sociais, é de causar revolta ver atitudes rudes e irrefletidas como a tomada pela juíza da Vara da Infância e da Juventude de Santos ("Justiça separa criança com HIV de irmão", Cotidiano, pág. C1, 15/5). Concordo com as assistentes sociais quando dizem que a decisão de separar os irmãos jogou no lixo todo um trabalho desenvolvido com as crianças."
Patrícia Raposo (Recife, PE)

"Tenho 31 anos, um filho de dois anos e estou grávida do segundo. Meu sentimento, ao ler a reportagem "Justiça separa criança com HIV de irmão", foi de revolta e estarrecimento. Cheguei a chorar ao ler a reportagem, principalmente por me sentir impotente perante tamanho absurdo. Será que já não basta o que essas crianças passaram e todas as perdas que tiveram? Custa-me crer que seja dado a uma pessoa tão fria como a juíza da Vara da Infância e da Juventude de Santos o direito de decidir pela vida de seres indefesos, puros e ingênuos. Após toda a crueldade da ação, ela ainda alegou não ter "espaço em sua agenda" para comentar seu ato. Gostaria de dizer à juíza que aquelas são apenas crianças, e as crianças são o que existe de mais maravilhoso nesse mundo. Não temos o direito de machucá-las."
Fabiana Queiroz e Souza (São Paulo, SP)

Painel da corrupção
"O excesso de informações bombásticas sobre as denúncias de corrupção no país tem sobrecarregado minha memória, impedindo que eu tenha controle sobre o que foi ou está sendo feito juridicamente em cada caso. Salvo algumas exceções, como a manchete de sexta-feira ("Júri condena coronel por Carajás", Primeira Página), não observo na imprensa em geral a dedicação e o cuidado devido na transmissão de informações sobre o encaminhamento das denúncias e acusações. Gostaria que se divulgasse periodicamente um relatório atualizado que informasse a tramitação e o prosseguimento jurídico de cada um desses tantos escândalos, enfraquecendo, assim, possíveis interesses escusos de gerar esquecimento e dispersão."
Erane Paladino (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.