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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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O flagelo das drogas

EDEVALDO ALVES DA SILVA


Para a compreensão devida do fenômeno crescente das drogas, é conveniente estimular a discussão entre os alunos

Profundamente preocupado com a intensificação da violência, devido ao avanço perverso do consumo de drogas ilícitas e lícitas, particularmente entre a juventude, realizamos um seminário que versou sobre drogas nas escolas, durante o qual eminentes especialistas expuseram suas idéias de como combater esse terrível mal que afeta milhares de famílias brasileiras.
Lançamos a idéia da criação da Associação Brasileira Antidrogas, Abad, uma entidade civil, sem fins lucrativos, para reunir pessoas e instituições com o objetivo de desenvolver ações para que busquemos alternativas construtivas, capazes de enfrentar a violência decorrente do uso de drogas. Queremos criar espaços e oportunidades para a afirmação pessoal do jovem, proporcionando-lhe chances de alcançar o seu reconhecimento e valorização.
A proposta foi aceita por todos os presentes, que aplaudiram a iniciativa e passaram a usar imediatamente o button branco, doado pela Abad, como símbolo da adesão voluntária a essa luta cívico-educativa.
Não é recente a nossa preocupação com esse terrível mal que destrói a vida presente e futura dos jovens, desorganiza as famílias e aniquila as esperanças de elevação da qualidade de vida de toda a sociedade. Repetimos, agora, com mais ênfase:
"O uso de entorpecentes não leva a subir escadas. É uma descida. Degrau por degrau, até a degenerescência total. Queremos uma juventude alegre, sadia, inteligente e apta. Não queremos uma juventude pressionada pelo vício, dependente da maconha, da cocaína ou da morfina. São males mais aterradores que o câncer. Porque deprimem o caráter, entorpecem o cérebro, tornam tenebrosa a própria alma. Queremos uma juventude voltada para a construção e o progresso de nosso país".
Movidas por essa convicção, as comunidades acadêmicas reunidas em torno da UniFMU participam ativamente do combate a esse mal, que aflige a todos nós, e manifestam sua plena solidariedade aos poderes constituídos na luta travada contra os atos criminosos de produção, distribuição e venda das drogas para diferentes segmentos sociais. Como afirmou o general Paulo Uchôa, secretário nacional Antidrogas, "somente mediante o desenvolvimento do princípio da responsabilidade compartilhada lograremos êxito nos objetivos preconizados pela política nacional antidrogas".
Sabemos que no Brasil, nas duas últimas décadas, o tráfico e o consumo de drogas, das mais variadas espécies, tiveram aumento significativo por força, entre outros fatores, das crises econômicas, da falta de uma política adequada de pleno emprego, da ausência de uma política nacional antidrogas e de outras carências, características dos países em fase de transformação econômica e social. Temos consciência da imensa empreitada que está diante de nós e sabemos, também, que essa luta não é de um indivíduo nem de um governo, mas de todos os cidadãos imbuídos do ideal do embate sem trégua em prol da defesa da juventude.
O tema é fascinante e desafiador. A solução não é simples, exigindo uma interação adequada de pais, alunos, professores e autoridades. É imprescindível a colaboração de especialistas de diferentes áreas do conhecimento. Devemos valorizar o posicionamento transdisciplinar a que não estamos habituados. Para a compreensão devida do fenômeno crescente das drogas, é conveniente estimular a discussão entre os alunos. Assim entenderão melhor os efeitos nocivos do consumo da droga, dentre os quais o indesejável encurtamento da vida do usuário.
O que pode funcionar muito bem é esse tipo de conversa orientada, dentro dos parâmetros da pedagogia moderna, para atenuar o que hoje é um flagelo instalado na educação brasileira.
Na fase em que o jovem já tem o seu raciocínio desenvolvido, ele poderá muito mais ser convencido por uma boa orientação, pelo carinho de pais e professores. Em todas as escolas médias e em todos os cursos superiores, são aconselháveis medidas de prevenção, colocando a criatividade das pessoas em pleno uso.
A criação da Abad é como o despertar para um combate inadiável. A vitória, aqui, com a recuperação dos nossos jovens vitimados pela droga, não terá dono. Mas terá uma importância fundamental no futuro do país. A nova entidade proporcionará ações diversas sobre os efeitos negativos das drogas; ações que ficarão abertas à participação da comunidade.
Assim, estaremos contribuindo para a redução da violência.


Edevaldo Alves da Silva, 69, advogado e professor, é presidente das instituições UniFMU, UniFiamFaam e Fisp, bem como da Fundação Professor Edevaldo Alves da Silva.


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