São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Brasil em marcha
"Segundo a opinião de alguns políticos e órgãos da imprensa, o Brasil está "paralisado". Mas vejamos algumas notícias publicadas na mídia nos últimos dias. A produção industrial aumentou 2,1%, o faturamento das micro e pequenas empresas subiu 14%, as vendas do comércio tiveram crescimento no trimestre, cresceu a criação de empregos formais, o Fome Zero atende a 4 milhões de famílias, a inflação caiu, o Dia das Mães registrou aumento nas vendas em relação a 2002 e 2003, o emprego na indústria cresceu pelo terceiro mês consecutivo, o Bolsa-Família atende a 1,8 milhão de famílias etc. Preconceito e discriminação contra nosso presidente metalúrgico, sem curso universitário e com apenas nove dedos nas mãos, vá lá. Agora, oposição cega, sectarismo político, distorção de fatos por parte de inconformados e personagens desconfortáveis com a eleição de Lula, tudo isso é injusto e demagógico."
Elio Fiszbejn (São Paulo, SP)

"The New York Times"
"Também poderíamos dar à tragicomédia de erros com o "New York Times" o título de "Muito Barulho por Nada". Companheiro Lula, "desencane" da opinião de Larry Rohter. Ela só teve dimensão graças aos desastrados bajuladores que o cercam: os Gushikens, Andrés Singers, Celsos Amorins e Marcos Aurélios Garcias da vida, suas más companhias. O que interessa mesmo é prestar atenção ao que, inevitavelmente e cada vez mais daqui para a frente, a mídia brasileira, "em bom português", lhe reserva. Peço a Deus que eu esteja enganado."
Antonio Claret (São Paulo, SP)

 

"Qual seria a reação dos colunistas dos "grandes" jornais do Brasil caso a matéria mentirosa escrita por um jornalista dos EUA tivesse sido feita por um cubano? Penso que eles fariam pressão para que o governo expulsasse o jornalista e fechasse a embaixada brasileira em Havana."
Carlos Roberto da Silva (Paranacity, PR)

Segurança pública
"Sobre o texto "Proposta para segurança fica no papel" (Brasil, 16/5), o Ministério da Justiça esclarece que o Sistema Único de Segurança Pública já está implantado em todo o país, comandado pelo governo federal, via Secretaria Nacional de Segurança Pública, em parceria com todos os Estados da Federação. As realizações do Susp, iniciado em 2003, seguem as diretrizes do Plano Nacional de Segurança Pública. Entre elas estão o Sistema Nacional de Identificação Criminal, a integração das forças de segurança pública com a formação unificada das polícias, a informatização da rede de informações criminais, os consórcios com os municípios e uma mudança radical no modelo de repasse dos mais de R$ 300 milhões em verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública. O repasse no governo Lula vem sendo feito com a contra-apresentação de planos consistentes, que cobram resultados diretos dos Estados beneficiados. Além desses e de outros programas não elencados aqui, foram implantados os gabinetes de gestão integrada, que unem as ações das polícias e da Justiça brasileiras. O GGI Região Sudeste, por exemplo, já realizou operações, como a prisão de traficantes, por meio da integração do trabalho das polícias Federal, do Espírito Santo e do Rio. Além do programa de integração das polícias, o governo Lula definiu como prioridade o combate às fraudes e à lavagem de dinheiro no Brasil. Os resultados das operações Praga do Egito, Anaconda e Trânsito Livre, desenvolvidas pela Polícia Federal ao longo dos últimos meses, mostraram a investigação e a prisão de juízes, delegados, policiais e autoridades públicas, entre outros envolvidos."
Lígia Kosin, assessora de comunicação do Ministério da Justiça (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Rubens Valente - A reportagem não tratou do Susp, criado pelo governo em 2003, mas das promessas feitas pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva durante sua campanha em 2002.

Fundações
"No editorial "Fundações e fundos" (Opinião, página A2, 10/5), a Folha publica veredicto favorável à atuação das fundações privadas ditas "de apoio" à USP, com base na seguinte argumentação: 1) elas "têm se mostrado lucrativas'; 2) em 2001, "prestando serviços a empresas privadas e públicas, elas arrecadaram R$ 457,8 milhões, valor equivalente a 35% do orçamento total da USP'; 3) diante disso, "fica patente seu potencial para a geração de recursos". Ora, as fundações só "têm se mostrado lucrativas" porque burlam a lei, uma vez que, por definição legal, são "entidades sem fins lucrativos'! É graças à condição de entidades sem fins lucrativos que várias delas obtêm, sem licitação, contratos milionários com o setor público (objetos de contestação até mesmo pelo Tribunal de Contas da União) e regalias como a isenção de vários tributos. O editorial dá a entender que os mais de R$ 457 milhões arrecadados por elas em 2001 ingressaram no orçamento da USP, o que não é verdade. Desse total captado pelas fundações, estima-se que R$ 19,5 milhões, no máximo, tenham sido repassados à universidade, o que equivale, na melhor das hipóteses, a meros 4,26% de tudo que auferiram. Ou a 1,5% do orçamento da USP, que foi de R$ 1,273 bilhão naquele ano. Conclusão: a quase totalidade dos recursos gerados por esse sistema é apropriada privadamente pelos partícipes das fundações e em nada contribui para financiar a universidade. Muito ao contrário: os cursos pagos e a venda de serviços privados de consultoria ferem o caráter público da universidade e empobrecem a pesquisa acadêmica."
Américo Sansigolo Kerr, presidente da Associação dos Docentes da USP (São Paulo, SP)

Nota da Redação - No editorial "Fundações e fundos" não há veredicto favorável às fundações de direito privado da USP. O texto apenas destaca aspectos relevantes do problema e aponta para o potencial gerador de receita das fundações privadas.

Olimpíadas
"Era muita ingenuidade acreditar que o Comitê Olímpico Internacional poderia escolher o Rio para sediar as Olimpíadas de 2012. A violência que impera na cidade tem inibido até a presença de turistas brasileiros. Ela foi o motivo principal da eliminação do Rio. Por outro lado, são de estranhar a omissão e a demora na ajuda do governo federal, que é o maior responsável pela situação."
Osvaldo Pereira de Paiva (Uberlândia, MG)

Filosofia e Paixão de Cristo
"Surpreendente o artigo de José Arthur Giannotti sobre o filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, publicado no último Mais! (16/5). Surpreendente não só pela lucidez e profundidade das colocações, mas pelo fato de revelar um outro Giannotti, sem arrogância nem prepotência intelectual. Nesse texto, ele abandona a dialética do quebra-pau, que tem sido seu forte, para abrir-se sem preconceitos ao mistério da Paixão de Cristo. A sanguinolência chocante do filme fica explicada como recurso para visualizar a cruel supressão física do homem-Cristo, único meio eficaz para a renovação da aliança com o Criador, substituindo o temor pelo amor. Significativo o final desse artigo de cunho teológico: "Não fiz mais do que tentar refinar uma lição de catecismo, tal como aprendia no meu velho colégio do Estado". O autor do texto também celebra uma nova aliança agora, a da sua mente com a plena liberdade intelectual, livre da estreiteza dos preconceitos e das ideologias."
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)


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