São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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Editoriais

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São Paulo saturada

DEVAGAR , quase parando, seria uma boa descrição para o deslocamento de 3,1 milhões de paulistanos que recorrem todos os dias aos corredores de ônibus reformados pela prefeitura desde 2008.
Seis das dez vias expressas para transporte coletivo no máximo igualam a velocidade média dos automóveis (15 km/h), no horário de pico. Apenas um corredor, o Expresso Tiradentes (antigo Fura-Fila) consegue superar os 20 km/h.
O recapeamento de sete das vias não surtiu o efeito esperado, melhorar em 10% o tempo de percurso. Na maioria dos casos, a velocidade média se manteve ou piorou de 2009 para 2010.
Eliminar buracos e ondulações, percebe-se, não basta para acelerar os ônibus e melhorar a vida dos dois terços de passageiros paulistanos que são usuários dos corredores. Reformas ambiciosas se fazem necessárias, como criar espaço para ultrapassagens nos pontos, evitando espera inútil por veículos que já completaram o embarque. Passagens subterrâneas ou elevadas, para eliminar entroncamentos, terão também de ser construídas.
Mesmo com tais obras, os corredores ainda representarão opção mais barata para a cidade que a construção de mais linhas de metrô e a reforma do sistema de trens metropolitanos. Não que tais modalidades devam perder prioridade, antes o contrário.
O transporte de massa sobre trilhos é o único com capacidade para de fato desatar o nó górdio da mobilidade urbana. Mas financiar os investimentos bilionários esbarra no fôlego limitado do poder público e no desinteresse do setor privado.
São Paulo chegou a tal ponto de saturação que não pode prescindir de nenhum recurso. Da ampliação das marginais e da malha ferroviária à reforma e construção de novos corredores, tudo se tornou prioritário, paradoxalmente, para desfazer a herança de décadas de incúria.


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