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Editoriais
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São Paulo saturada
DEVAGAR , quase parando,
seria uma boa descrição
para o deslocamento de
3,1 milhões de paulistanos que
recorrem todos os dias aos corredores de ônibus reformados pela
prefeitura desde 2008.
Seis das dez vias expressas para transporte coletivo no máximo igualam a velocidade média
dos automóveis (15 km/h), no
horário de pico. Apenas um corredor, o Expresso Tiradentes
(antigo Fura-Fila) consegue superar os 20 km/h.
O recapeamento de sete das
vias não surtiu o efeito esperado,
melhorar em 10% o tempo de
percurso. Na maioria dos casos, a
velocidade média se manteve ou
piorou de 2009 para 2010.
Eliminar buracos e ondulações, percebe-se, não basta para
acelerar os ônibus e melhorar a
vida dos dois terços de passageiros paulistanos que são usuários
dos corredores. Reformas ambiciosas se fazem necessárias, como criar espaço para ultrapassagens nos pontos, evitando espera
inútil por veículos que já completaram o embarque. Passagens
subterrâneas ou elevadas, para
eliminar entroncamentos, terão
também de ser construídas.
Mesmo com tais obras, os corredores ainda representarão opção mais barata para a cidade que
a construção de mais linhas de
metrô e a reforma do sistema de
trens metropolitanos. Não que
tais modalidades devam perder
prioridade, antes o contrário.
O transporte de massa sobre
trilhos é o único com capacidade
para de fato desatar o nó górdio
da mobilidade urbana. Mas financiar os investimentos bilionários esbarra no fôlego limitado
do poder público e no desinteresse do setor privado.
São Paulo chegou a tal ponto
de saturação que não pode prescindir de nenhum recurso. Da
ampliação das marginais e da
malha ferroviária à reforma e
construção de novos corredores,
tudo se tornou prioritário, paradoxalmente, para desfazer a herança de décadas de incúria.
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