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FERNANDO DE BARROS E SILVA
O que é isso, companheira?
SÃO PAULO - "Vocês notaram
que do Gabeira ninguém fala? Esse
sim sequestrou. Ele era o escolhido
para matar o embaixador. Ninguém
fala porque é candidato ao governo
do Rio e se aliou ao PSDB".
Marta Suplicy falava como militante petista, em defesa de Dilma
Rousseff. Mas, dentro dela, falava
também a sinhazinha que Marta
tantas vezes não consegue reprimir: "Esse sim sequestrou"!
A frase lembra, é claro, o "relaxa e
goza", que ela, ministra do Turismo,
dirigiu às vítimas do caos aéreo em
2007. Lembra ainda a pergunta que
seu programa de TV fazia a Gilberto
Kassab na campanha de 2008: "É
casado? Tem filhos?".
Da primeira, Marta se desculpou
logo. Da segunda, premeditada,
veio se desculpar só recentemente,
numa entrevista para a TV. O deputado deve esperar mais um pouco.
Gabeira tinha o codinome de Honório quando alugou a casa que serviu como cativeiro do embaixador
Charles Elbrick, sequestrado em
setembro de 1969. Era uma figura
secundária na operação. Não integrou o grupo que capturou o americano nem, muito menos, seria seu
assassino se as coisas desandassem.
O provável algoz de Elbrick, conforme todos os relatos, seria Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, veterano da ALN que comandava a ação. A
ideia do sequestro, que Elio Gaspari
no seu livro chama "o grande golpe", havia sido de Valdir. Era este o
nome de guerra de Franklin Martins, atual ministro de Lula.
Tudo isso é história conhecida,
que Marta deve saber. Mais, pelo
menos, do que se sabe a respeito da
atuação de Dilma entre 1967 e 1970,
na Colina e na VAR-Palmares, também adeptas da luta armada.
"Lutei contra a ditadura do primeiro ao último dia, com os meios e
as concepções que eu tinha", disse
ela outro dia no programa de TV do
PT. Era uma fala sinuosa, cheia de
termos proibidos, como se Dilma
precisasse ocultar do grande público algo de que, no fundo, se orgulha.
Gabeira é diferente. Este, sim, virou
a página da guerrilha. E não consta
que seja um monstro de direita.
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