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ELIANE CANTANHÊDE
A Ciro o que era de Roseana
BRASÍLIA - O crescimento da candidatura Ciro Gomes não é uma miragem, não saiu do nada nem é tão inconsistente como petistas e tucanos
querem crer -ou fazer crer.
Sabe por quê? Porque, além de um
um candidato à procura de um eleitorado, havia também um eleitorado
à procura de um candidato. Um candidato que não fosse do governo e
que também não fosse do PT (ou seja,
nitidamente de esquerda).
Para usar um termo da moda, Ciro
está cativando um eleitorado "volátil", que perdera Roseana, não se encantara com Garotinho e estava por
aí, esperando para ver em quem confiar e apostar. Foi justamente quando surgiu Ciro, com seus 112 minutos
de exposição na TV. Ciro tem "recall"
da eleição de 98, é bom de vídeo e
agora conta com três partidos e a Patrícia Pillar. Não é pouco.
É difícil dizer se Ciro vai ter gás para segurar a onda e continuar crescendo até 3 de outubro, porque Lula
está firme na faixa dos 30%, Serra
tem o seu eleitorado, mais a força do
governo e do grande capital nacional, e Garotinho vem se mantendo
ali pelos 9%, 10%.
Mas é importante insistir que está
conquistando um eleitorado que teve
tempo suficiente para aderir a Lula,
que já poderia ter ido para Serra e
que estava meio órfão desde que perdeu Roseana, esperando alguém bonito, jovem, que impressione bem.
Sem estar de um lado (governo) nem
de outro (esquerda).
Quando escrevi que a chance de Ciro era se tornar o candidato da direita, ele ficou uma arara. Mas os fatos
estão comprovando que não era exagero nem má vontade. Era, pura e
simplesmente, uma constatação.
O PPS não é de direita. Ciro pode
não ser de direita. Mas está atraindo
o eleitorado conservador, as forças
políticas de direita, o médio agricultor e o médio empresário -que, de
esquerda, não têm nada.
Agora, precisa somar o próprio
charme à onda favorável para enfrentar Lula e José Serra. O petista vai
bem, obrigado. E o candidato tucano
anda em baixa, mas está muitíssimo
longe de estar morto.
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