São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

A Ciro o que era de Roseana

BRASÍLIA - O crescimento da candidatura Ciro Gomes não é uma miragem, não saiu do nada nem é tão inconsistente como petistas e tucanos querem crer -ou fazer crer.
Sabe por quê? Porque, além de um um candidato à procura de um eleitorado, havia também um eleitorado à procura de um candidato. Um candidato que não fosse do governo e que também não fosse do PT (ou seja, nitidamente de esquerda).
Para usar um termo da moda, Ciro está cativando um eleitorado "volátil", que perdera Roseana, não se encantara com Garotinho e estava por aí, esperando para ver em quem confiar e apostar. Foi justamente quando surgiu Ciro, com seus 112 minutos de exposição na TV. Ciro tem "recall" da eleição de 98, é bom de vídeo e agora conta com três partidos e a Patrícia Pillar. Não é pouco.
É difícil dizer se Ciro vai ter gás para segurar a onda e continuar crescendo até 3 de outubro, porque Lula está firme na faixa dos 30%, Serra tem o seu eleitorado, mais a força do governo e do grande capital nacional, e Garotinho vem se mantendo ali pelos 9%, 10%.
Mas é importante insistir que está conquistando um eleitorado que teve tempo suficiente para aderir a Lula, que já poderia ter ido para Serra e que estava meio órfão desde que perdeu Roseana, esperando alguém bonito, jovem, que impressione bem. Sem estar de um lado (governo) nem de outro (esquerda).
Quando escrevi que a chance de Ciro era se tornar o candidato da direita, ele ficou uma arara. Mas os fatos estão comprovando que não era exagero nem má vontade. Era, pura e simplesmente, uma constatação.
O PPS não é de direita. Ciro pode não ser de direita. Mas está atraindo o eleitorado conservador, as forças políticas de direita, o médio agricultor e o médio empresário -que, de esquerda, não têm nada.
Agora, precisa somar o próprio charme à onda favorável para enfrentar Lula e José Serra. O petista vai bem, obrigado. E o candidato tucano anda em baixa, mas está muitíssimo longe de estar morto.


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