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PLÍNIO FRAGA
Caneladas da pátria em chuteiras
RIO DE JANEIRO - O que há de
universal em produções brasileiras,
no sentido de absorção, conhecimento e devoção pelo mundo, está
na música -muito mais do que na
literatura e no cinema- e no futebol -sem qualquer comparação
com esportes como futsal, vôlei e
vôlei de praia, em razão da causa da
magnitude do primeiro. É de estarrecer que o futebol esteja embrenhado de políticos e politicagem, na
direção de federações e clubes, mas
seja mantido ausente da agenda dos
candidatos à Presidência.
Não é para propor a CPI do meião
do Roberto Carlos ou do apagão do
Ronaldinho Gaúcho. A elaboração
de um projeto de inclusão social,
por meio do esporte em geral e do
futebol em particular, é de uma obviedade gritante.
Os cartolas usam o futebol para
obter votos, chegam ao Parlamento, asseguram sua imunidade para
as traquinagens que cometeram em
clubes e federações e jogam o esporte para escanteio. A CBF é o paraíso encantado da politicagem,
agraciando parlamentares e até juízes e desembargadores com convites, extensivos a mulheres e amantes, para jogos da seleção na Copa
do Mundo, por exemplo.
Lula recuou de sua intenção inicial de usar uma medida provisória
para lançar a Timemania, a loteria
que vai tirar do buraco os clubes
brasileiros, porque os parlamentares da bancada da bola contestam a
responsabilização judicial por atos
em direção dos times. Mandou um
projeto de lei, a ser remendado a
torto e à direita.
O Pan 2007 é tema de disputa de
paternidade por Cesar Maia, Rosinha Matheus e Lula. Os três pensam no uso eleitoral do esporte, estando distantes de entender o seu
potencial econômico e inclusivo.
É a forma mais eficiente de ascensão social do país -que o digam
Ronaldo e Cafu. O futebol pode ser
a redenção da pátria em chuteiras.
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