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Lula, o grilo e o SBT
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - A mais recente pesquisa
Datafolha, divulgada anteontem, só
reafirma que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é, faz uns dez anos, o primeiro
candidato de 20% a 25% do eleitorado brasileiro.
Um patrimônio que cresce com as
circunstâncias, mas não diminui. Basta-lhe para derrotar supostos ou reais
campeões de voto, como Leonel Brizola, Paulo Maluf, Mário Covas, Orestes
Quércia, Ulysses Guimarães etc.
Lula sobreviveu galhardamente até
aos dois Fernandos que o venceram (o
Collor de Mello e o Henrique Cardoso). A sobrevivência à segunda derrota
dá relevância ao fenômeno Lula.
Desde que perdeu para FHC, faz
praticamente três anos, Lula e o PT só
foram capazes de produzir más notícias para eles próprios. Este ano, então, capricharam: desde a suspeita de
maracutaias envolvendo o compadre
de Lula até a guerra civil que faz o
partido sangrar abundantemente.
Não obstante, o Datafolha coloca
Lula no lugar em que sempre esteve. É
provável que esse piso seja também o
teto de Lula. Não importa. É o suficiente para dizer que Lula é o político
brasileiro de maior popularidade intrínseca desde a redemocratização.
É verdade que, hoje, FHC é mais popular. Mas está evidente que a popularidade do presidente ancora-se em
um vitorioso plano econômico.
Lula, ao contrário, só acumula derrotas no Fla-Flu eleitoral. Perdeu todas as três eleições majoritárias que
disputou, incluindo a do governo paulista (1982).
Manter a preferência de 20% a 25%
dos eleitores, nessas circunstâncias, é
um patrimônio (que estou apenas
quantificando, não qualificando).
Por isso, Lula não tem o direito de
estiolar-se em uma oposição meramente ranheta, em continuar tentando ser o Grilo Falante de todos os Pinóquios que o PT enxerga em cada
presidente, governador ou prefeito. Se
o fizer, acabará sendo o SBT da política, eterna e orgulhosamente vice-campeão de audiência.
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