|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
CLÓVIS ROSSI
A opção de Dilma
SÃO PAULO - A quem ainda tem alguma dúvida sobre como será a política econômica de um eventual
-e cada vez mais provável- governo Dilma Rousseff, sugiro que leia a
bela reportagem de Ricardo Balthazar, publicada ontem no caderno
"Eleições 2010".
Nela, há uma frase que poderia
ser tomada como mote da gestão
Dilma: "Optamos pelo modelo que
dava segurança aos investidores
privados", diz Maurício Tolmasquim, braço direito de Dilma no Ministério de Minas e Energia.
A opção se deu entre o projeto
petista que reforçava o papel do Estado no setor energético e o tal "modelo que dava segurança aos investidores privados".
Valeu para a energia no atual governo e valerá, como é óbvio, para o
conjunto da obra na futura administração se ela for de fato comandada por Dilma.
Basta atentar para o fato de que o
avalista de Dilma junto ao setor empresarial é o mesmíssimo Antonio
Palocci Filho que desempenhou o
papel com absoluto êxito na transição e no início da gestão Lula. Momentos que foram decisivos para a
estabilidade da economia e, por isso, a opção se manteve depois que
Palocci caiu.
Personagens à parte, a mais elementar lógica aponta para a manutenção do modelo: deu certo.
A opção por dar segurança aos
investidores privados não foi inimiga da diminuição da pobreza, ao
contrário do que acreditava uma
parte significativa do PT antes de
chegar ao poder e nele descobrir o
nada discreto encanto da burguesia.
Importa pouco para efeitos eleitorais que não tenha havido uma
mudança estrutural no país, como
aponta, por exemplo, Frei Betto,
amigo do rei, desiludido com a opção. Que também não tenha havido
redução da desigualdade entre renda do capital e do trabalho importa
pouco, desde que diminua a pobreza. E, por fim, há no mercado alguma opção alternativa?
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: "Perversão" na igreja
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Enigma Índice | Comunicar Erros
|