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CARLOS HEITOR CONY
Cartão amarelo
RIO DE JANEIRO - Na crônica anterior ("A dúvida e a dívida"), lamentei sinceramente a crise que bagunçou o coreto da Casa Civil, já bagunçada por episódios escandalosos
até agora não explicados e punidos. Embora não votando nos candidatos principais à sucessão de
Lula, eu achava que o eleitorado estava bem servido com Serra e Dilma, que se equivalem em méritos e
em moralidade.
Acontece que, apesar da blindagem que o PT, o governo e o próprio
Lula fazem em torno de Dilma, ela
acaba de sofrer um tranco com a revelação do escândalo na Casa Civil,
que ela dirigia pessoalmente, durante anos, e finalmente por pessoa
de sua absoluta confiança.
É bem verdade que até agora nada foi provado contra ela, que continua sua campanha presidencial
com sucesso, uma vez que lidera
com folga as intenções de voto do
eleitorado. Contudo, o episódio de
Erenice Guerra, cujo desfecho foi o
seu afastamento do cargo que Dilma lhe outorgou, funcionou como
uma espécie de cartão amarelo para o futuro de sua carreira política.
Não chegou a ser um cartão vermelho, o da expulsão pura e simples, mas que serve de advertência
para todos, inclusive para ela mesma. O ideal seria que ela fosse eleita
"in albis", ou seja, imaculada em
sua vida pública, ficando as restrições por conta da própria disputa
eleitoral.
Agora não: de certa forma, perdeu a inocência. Ela arrastará pelos
quatro anos de seu eventual mandato o cartão amarelo que a coloca
numa situação desconfortável. Administrando a Casa Civil durante
anos, com total carta branca do governo do qual era a segunda pessoa
em importância política e administrativa, ela foi parcialmente atingida pelo fogo amigo de sua sucessora e amiga.
Um novo cartão amarelo pode
lhe ser letal.
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