São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Altos e baixos do dólar

Na sexta-feira, completou-se a terceira semana consecutiva em que a cotação do dólar no Brasil subiu -ocorrência corriqueira no passado, mas que nos últimos anos se tornou incomum. Ao longo de três semanas, o preço da moeda norte-americana chegou a R$ 1,73, alta de 14 centavos de real, ou 9%.
Há relativo consenso a respeito dos fatores que estão por trás da alta -embora haja divergências na avaliação do peso desses fatores. Muito provavelmente o mais importante é a piora das expectativas a respeito do dinamismo das economias maduras (Estados Unidos, Europa e Japão).
O medo de que essas economias continuem praticamente estagnadas -ou, pior ainda, de que entrem novamente em recessão- reforçou a aversão ao risco dos investidores internacionais.
Decerto o Brasil (como outras grandes economias emergentes) conta com enorme reserva de dólares e exibe perspectiva de crescimento bem menos anêmico que as economias maduras. Nos momentos em que o medo se aguça, entretanto, os investidores ainda tendem a fugir para os tradicionais "portos seguros" das finanças, de que os títulos do Tesouro dos EUA são o exemplo típico.
Fatores domésticos também parecem contribuir para a alta do dólar. O governo brasileiro, desde outubro do ano passado, vem tomando algumas medidas voltadas a combater a tendência de fortalecimento do real (ou, dito de outra forma, de enfraquecimento do dólar no mercado brasileiro).
Lançou mão de sucessivos aumentos do imposto sobre investidores externos que buscam usufruir dos juros brasileiros. Mais recentemente, elevou a taxação sobre operações financeiras que influenciam a formação do preço do dólar (os chamados derivativos cambiais) e reduziu, inesperadamente, a taxa básica de juros no fim de agosto.
Se o movimento de alta do dólar terá ou não continuidade nas próximas semanas é muito difícil antecipar. Mas parece claro que a variável decisiva está fora do controle das autoridades brasileiras. A depender do desenrolar da crise nos países desenvolvidos, a aversão ao risco poderá subir ainda mais ou cair -sempre arrastando consigo a cotação do dólar.



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