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INCHAÇO PARTIDÁRIO
Os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concernentes
à filiação de militantes aos partidos
políticos neste ano revelam uma realidade preocupante. A julgar pelas
elevadas cifras enviadas ao órgão pelas diversas agremiações, cerca de
11,9 milhões de cidadãos estariam
engajados nas fileiras das legendas
existentes no país. Só o PMDB, por
exemplo, conta oficialmente com 2
milhões de membros, embora haja
no partido quem reconheça que apenas 40 mil realmente atuam.
Lamentavelmente, ao que tudo indica, esses números não se devem a
um desejável aumento do interesse
da população pela política. Conforme levantamento realizado por esta
Folha no TSE, essa onda de militância é na realidade o resultado de procedimentos condenáveis, postos em
marcha por políticos que almejam
garantir votos nas convenções e conquistar mais influência nas decisões
partidárias.
Com esses objetivos, muitos recorrem a expedientes tão criticáveis
quanto conhecidos, que são facilitados pela ausência de controles. Contam-se, por exemplo, entre os filiados indivíduos que estariam legalmente impedidos de qualquer atividade partidária, tais como juízes e
procuradores. Filiam-se também
pessoas à sua revelia, que poderão
ser substituídas por "laranjas" em
processos fraudulentos. Por outro lado, caciques e aspirantes a líder recrutam eleitores "a laço" -nas palavras do secretário-executivo do
PMDB, Saraiva Felipe (MG)-, buscando fortalecer sua expressão nas
convenções partidárias.
O recurso a práticas como essas favorece apenas a consolidação de caciques e a formação de feudos, em
detrimento de uma saudável democracia partidária e da própria representatividade das legendas. Seria desejável que os partidos políticos tomassem a iniciativa de criar mecanismos de controle e tornassem mais
transparente o sistema de filiação, algo que, no entanto, parece distante
de se tornar realidade.
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