São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Essa dupla faz e desfaz

BRASÍLIA - Até nisso a campanha de hoje de Marta Suplicy se parece com a de José Serra em 2002: põe o presidente, tira o presidente, põe de novo o presidente, some com o presidente.
Na campanha presidencial de Serra, confusa e errática, o velho amigo FHC, então presidente, foi o grande ausente. Nunca aparecia na TV, pouco falava fora dela. Com uma vidraça imensa, típica de oito anos de mandato, havia a suspeita de que ele mais atrapalhava do que ajudava.
Na campanha municipal de Marta, também confusa e errática, Luiz Inácio Lula da Silva, principal líder sindicalista do país, personalidade mais eminente do PT e ainda no segundo ano de Presidência, também foi e voltou. Quando finalmente foi, aliás, levou chuvas torrenciais e barro para a Radial Leste. Além de enxurradas de críticas e uma multa da Justiça Eleitoral. Um desastre, portanto.
Agora, as notícias continuam desencontradas: Lula vai gravar para o programa de TV de Marta, não vai mais, já gravou, gravou, mas não vai entrar e, enfim, entrou.
Desconfia-se que o problema desta vez não seja o presidente, mas a candidata. Lula foi levar chuva à Radial Leste movido por sinais de recuperação da economia e por pesquisas de estabilização do índice de popularidade -que vinha caindo antes- num bom patamar.
Mas as pesquisas em São Paulo mostram uma diferença grande a favor do tucano Serra, já consolidada em doze pontos em duas rodadas seguidas do Datafolha.
A pergunta da campanha de Serra em 2002 era: colar ou não a imagem do candidato na de um presidente em final de mandato e sofrendo críticas de todo lado?
A pergunta da Presidência da República em 2004 é: colar ou não a imagem de Lula na de uma candidata que empacou no segundo lugar e pode perder?
A vitória de Marta em São Paulo seria a grande vitória do PT e de Lula nas eleições. A pergunta agora não é da candidata nem do Planalto, é apenas uma curiosidade geral: e a eventual derrota? Vai ser só dela?


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