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ELIANE CANTANHÊDE
Essa dupla faz e desfaz
BRASÍLIA - Até nisso a campanha de hoje de Marta Suplicy se parece com
a de José Serra em 2002: põe o presidente, tira o presidente, põe de novo o
presidente, some com o presidente.
Na campanha presidencial de Serra, confusa e errática, o velho amigo
FHC, então presidente, foi o grande
ausente. Nunca aparecia na TV, pouco falava fora dela. Com uma vidraça imensa, típica de oito anos de
mandato, havia a suspeita de que ele
mais atrapalhava do que ajudava.
Na campanha municipal de Marta,
também confusa e errática, Luiz Inácio Lula da Silva, principal líder sindicalista do país, personalidade mais
eminente do PT e ainda no segundo
ano de Presidência, também foi e voltou. Quando finalmente foi, aliás, levou chuvas torrenciais e barro para a
Radial Leste. Além de enxurradas de
críticas e uma multa da Justiça Eleitoral. Um desastre, portanto.
Agora, as notícias continuam desencontradas: Lula vai gravar para o
programa de TV de Marta, não vai
mais, já gravou, gravou, mas não vai
entrar e, enfim, entrou.
Desconfia-se que o problema desta
vez não seja o presidente, mas a candidata. Lula foi levar chuva à Radial
Leste movido por sinais de recuperação da economia e por pesquisas de
estabilização do índice de popularidade -que vinha caindo antes-
num bom patamar.
Mas as pesquisas em São Paulo
mostram uma diferença grande a favor do tucano Serra, já consolidada
em doze pontos em duas rodadas seguidas do Datafolha.
A pergunta da campanha de Serra
em 2002 era: colar ou não a imagem
do candidato na de um presidente
em final de mandato e sofrendo críticas de todo lado?
A pergunta da Presidência da República em 2004 é: colar ou não a
imagem de Lula na de uma candidata que empacou no segundo lugar e
pode perder?
A vitória de Marta em São Paulo
seria a grande vitória do PT e de Lula
nas eleições. A pergunta agora não é
da candidata nem do Planalto, é apenas uma curiosidade geral: e a eventual derrota? Vai ser só dela?
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