|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ELIANE CANTANHÊDE
Murro em ponta de faca
BRASÍLIA - "Se dependesse do Palocci, era porrada pura. Com essa
cara de bonzinho, ele faz e a gente
leva a fama".
A frase, publicada como nota na
Folha de ontem, é do marqueteiro
de Dilma Rousseff, João Santana. E
diz muita coisa.
Primeiro, confirma a velha impressão de que, por trás do médico
bonachão, Palocci esconde um ser
indecifrável. Depois, mostra que a
estratégia da pancadaria não foi
dos experts na área, mas de políticos aflitos com as tendências das
pesquisas. É aí que viceja o vale-tudo, no qual a campanha de José
Serra se jogou voluptuosamente.
No debate Folha/Rede TV! de
domingo à noite, Dilma esteve incisiva, não agressiva. Ou mais Santana, menos Palocci. Mas, de qualquer forma, ela optou por dois temas que não deram certo. Vai ter de
rever no próximo encontro.
Um foi a privatização, que parece
ter esgotado seu poder de fogo ao
abater Alckmin em 2006. Além disso, Dilma se concentrou na tal Gas
Brasiliana, enrolou-se, confundiu o
telespectador e não chegou a nada.
Um colega cochichou: "Ih! Lá se foi
metade da audiência...".
O outro tema foi São Paulo, onde,
simplesmente, o PSDB ganhou todas as últimas eleições. Ou seja:
Dilma tentar bater na gestão paulista é como Serra tentar bater em Lula. Nos dois casos, é como "dar
murro em ponta de faca".
Serra recebeu bem as cortadas e
devolveu a bola, mas só o suficiente
para as pesquisas darem que ele foi
melhor no debate. Isso não significa, porém, que tenha sido grande
desempenho, grande vitória.
Se os dois deixaram o aborto pra
lá e optaram por propagandear promessas para combater as drogas,
investir em treinamento de pessoal
e cuidar da saúde e da educação de
todos (principalmente de todas),
faltou combinar o resto com o "adversário": a imprensa. Foi aí que
Paulo Preto e Erenice Guerra entraram em campo, animando a partida. E a audiência bombou.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Ricardo Melo: Império da mentira Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Direita e esquerda Índice | Comunicar Erros
|