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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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EMPREGO E SALÁRIOS

As contratações feitas pela indústria brasileira superaram as demissões pelo segundo mês consecutivo, em setembro. Também o número total de horas pagas aumentou de agosto para setembro, interrompendo uma sequência de reduções que já durava quatro meses. Isso significa que, em média, as indústrias ampliaram tanto o contingente de trabalhadores empregados como a jornada de trabalho -visando, naturalmente, expandir a produção.
Esses resultados, apurados por pesquisa de abrangência nacional do IBGE, são animadores, pois confirmam que está em curso uma recuperação da atividade econômica. No entanto, a mesma pesquisa revela que a recuperação ainda não chegou aos salários. Descontadas a inflação e as influências sazonais, e a despeito da elevação do número de pessoas empregadas, o valor da folha de pagamentos da indústria diminuiu em agosto e novamente em setembro.
Esse resultado é indicativo de que até setembro os salários reais na indústria seguiam em queda, o que contrasta com as notícias de que nas últimas semanas algumas categorias de trabalhadores estão conseguindo obter reajustes salariais superiores à inflação dos últimos doze meses.
Esse contraste poderia sugerir que está ocorrendo um reaquecimento rápido do mercado de trabalho, suficiente para viabilizar uma reindexação dos salários. A conclusão é precipitada, sobretudo porque o desemprego continua alto, mantendo o ambiente de negociação desfavorável aos trabalhadores.
Além disso, os setores que estão concedendo reajustes salariais maiores são bem específicos: grandes empresas que -em muitos casos beneficiando-se da expansão das exportações- já completaram seu processo de ajuste e exibem bom nível de rentabilidade. As empresas de menor porte, que respondem pelo grosso do emprego e em sua ampla maioria dependem essencialmente do mercado interno, continuam em situação financeira pouco confortável, e portanto sem condições de reajustar salários de maneira mais expressiva.


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