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EMPREGO E SALÁRIOS
As contratações feitas pela
indústria brasileira superaram
as demissões pelo segundo mês consecutivo, em setembro. Também o
número total de horas pagas aumentou de agosto para setembro, interrompendo uma sequência de reduções que já durava quatro meses. Isso
significa que, em média, as indústrias ampliaram tanto o contingente
de trabalhadores empregados como
a jornada de trabalho -visando, naturalmente, expandir a produção.
Esses resultados, apurados por
pesquisa de abrangência nacional do
IBGE, são animadores, pois confirmam que está em curso uma recuperação da atividade econômica. No
entanto, a mesma pesquisa revela
que a recuperação ainda não chegou
aos salários. Descontadas a inflação
e as influências sazonais, e a despeito
da elevação do número de pessoas
empregadas, o valor da folha de pagamentos da indústria diminuiu em
agosto e novamente em setembro.
Esse resultado é indicativo de que
até setembro os salários reais na indústria seguiam em queda, o que
contrasta com as notícias de que nas
últimas semanas algumas categorias
de trabalhadores estão conseguindo
obter reajustes salariais superiores à
inflação dos últimos doze meses.
Esse contraste poderia sugerir que
está ocorrendo um reaquecimento
rápido do mercado de trabalho, suficiente para viabilizar uma reindexação dos salários. A conclusão é precipitada, sobretudo porque o desemprego continua alto, mantendo o
ambiente de negociação desfavorável
aos trabalhadores.
Além disso, os setores que estão
concedendo reajustes salariais maiores são bem específicos: grandes empresas que -em muitos casos beneficiando-se da expansão das exportações- já completaram seu processo
de ajuste e exibem bom nível de rentabilidade. As empresas de menor
porte, que respondem pelo grosso
do emprego e em sua ampla maioria
dependem essencialmente do mercado interno, continuam em situação financeira pouco confortável, e
portanto sem condições de reajustar
salários de maneira mais expressiva.
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