São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Plebiscito
"Merece louvores a iniciativa da OAB no sentido de exigir mudanças na lei 9.709/98, que trata de plebiscito e do referendo popular. Acredito que muitos cidadãos desconheçam o parágrafo único, artigo 1º, de nossa Constituição: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". Tenho certeza de que a moral e a ética ganhariam espaço na política nacional se, por exemplo, as regalias dadas aos nossos congressistas e os modestos aumentos salariais que dão a si mesmos fossem condicionadas à aprovação popular. E se também passassem pela aprovação popular a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado e a emenda constitucional que trata da reeleição das mesas diretoras das duas Casas."
Emerson Rodrigues Brito (São Paulo, SP)

Pena de morte
"Fico pasma ao ver a ousadia dos bandidos, que roubam e matam como se algum direito tivessem sobre a vida de seus semelhantes. Não é possível que os governantes deste país maravilhoso vivam pacificamente com uma situação tão grave e que não tomem nenhuma medida drástica a esse respeito. Não basta querer desarmar o cidadão honesto, pois este não mata senão em defesa própria.O que será preciso para que os senhores governantes instituam a pena de morte em nosso país?"
Sueli de Sousa Alves dos Santos (Itapetininga, SP)

Palestina
"Com todo o apreço e estima que temos à Folha e a seu profissionalismo, gostaríamos de registrar algumas observações a respeito da entrevista com o presidente da Al Fatah, senhor Farouk Kaddumi, publicada ontem ("Linha-dura palestino quer poder a radicais", Mundo, pág. A14). A Folha usou manchetes enganosas em relação ao senhor Kaddumi e a algumas facções palestinas e, dessa maneira, direcionou os leitores a julgarem-nos. Ao proceder dessa maneira, distorceu as respostas do senhor Kaddumi, as quais foram, de fato, muito claras, diretas e acrescidas de um elevado senso de responsabilidade de sua parte e de boas intenções, que moldaram seus argumentos ao considerar a unidade das facções políticas palestinas neste momento tão difícil e delicado. Enquanto o senhor Kaddumi nunca chamou as facções Hamas e Jihad de grupos "terroristas", a Folha o fez. Além disso, inseriu entre colchetes o nome do senhor Abu Mazen na resposta do senhor Kaddumi ao considerar o assunto corrupção. Isso não é jornalismo honesto, sendo algo muito inoportuno em um jornal do porte da Folha. Este veículo poderia ter expressado melhor suas idéias e preconceitos na página de Opinião em vez de inseri-los na entrevista com o senhor Kaddumi e, assim, manipular texto e título dedicados ao texto. As graves acusações contra o presidente da OLP, inseridas no texto na entrevista, são completamente infundadas e poderiam causar sérias repercussões. A Delegação Especial da Palestina no Brasil vem solicitar tanto uma clara explicação como uma retificação imediata dos graves erros cometidos no texto mencionado. Ainda é relevante mencionar que sempre este estimado jornal tende a mencionar "Jerusalém" seguida da expressão "capital de Israel". Considerando que a Organização da Nações Unidas não reconhece Jerusalém como capital de Israel e tampouco o fazem o Brasil e seus partidos políticos, quem é referência da Folha nesta questão?"
Musa Amer Odeh, embaixador, chefe da delegação especial da Palestina no Brasil (Brasília, DF)

Nota da Redação - Não houve manipulação na edição da entrevista. Ao responder "não podemos questioná-lo sobre sua fortuna agora", Farouk Kaddumi está se referindo a Abu Mazen. Jihad Islâmico e Hamas são grupos terroristas, de acordo com as normas de padronização do "Manual da Redação" da Folha, pois "praticam ações violentas contra alvos civis". Quanto a Jerusalém, independentemente da controvérsia internacional, trata-se da capital de fato do Estado de Israel.

Militares
"Aos 55 anos, realizei meu primeiro contato com a mídia investigativa. E posso resumi-lo em uma só palavra: decepção! A reportagem "Elogio de 64 ainda forma elite do Exército" (Brasil, 14/11) deixou-me a nítida impressão de que já estava escrita com antecedência, sendo a visita do jornalista Rafael Cariello a esta Academia apenas um detalhe para dar "veracidade" a concepções estigmatizadas e herméticas. Tenho certeza de haver transmitido ao jornalista informações de maior relevância e significado do que as transcritas em sua reportagem. Retirada de seu contexto, minha afirmação tornou-se de uma obviedade que diminui e desvaloriza todo o tempo e atenção que dediquei a seu trabalho. Não creio que a democracia, pela qual tantos brasileiros lutaram e pereceram, seja valorizada e cultuada com trabalhos como o do jornalista na edição de 14/11. Não obstante o que acima registro, estou à disposição para aprofundar o tema quando o desejo do jornalista for realizar uma reportagem isenta, fiel e realmente investigativa."
Heyno Evangelista Soares de Araújo Filho, coronel na Academia Militar das Agulhas Negras (Resende, RJ)

Biocombustível
"Aconteceu no dia 16 passado, em Piracicaba, o 1º Seminário Nacional sobre Biocombustíveis. No encontro, importantes autoridades e políticos do país discutiram as vantagens e benesses da implantação de um programa para a utilização de biocombustíveis no país. Para quem assistiu ao seminário, foi difícil não sair convicto de que o biodiesel e o álcool são uma verdadeira panacéia tupiniquim para os problemas energético e socioambientais do planeta. Não é tão simples assim. Pontos importantíssimos estão sendo deixados de lado. Por exemplo: há terra suficiente para plantar esses tais campos energéticos? Isso não poderia levar a mais desmatamentos? Não haveria um uso mais nobre para a utilização de tais terras (alimentos, por exemplo)? O uso de óleos vegetais comestíveis, como o de soja, para combustível não implicaria desabastecimento ou encarecimento de óleo na mesa dos brasileiros? Seria estrategicamente sensato depender energicamente ainda mais de algumas centenas de empresários do setor sucro-alcoleiro para o abastecimento do país? Em suma, o biocombustível é realmente a salvação energética do Brasil e do mundo ou apenas uma "empolgação" política bem-intencionada?"
Luiz alberto Patriota de Araújo Costa, estudante do quinto ano de engenharia agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Piracicaba, SP)

Judiciário e capital
"A parceria entre a Souza Cruz e o Judiciário, logo após o requerimento de uma Adin pedindo uma liminar para eliminação das restrições à publicidade de cigarros, é vergonhosa. Só quem realmente não conhece o histórico de operações da Souza Cruz no Brasil e no resto do mundo, através da BAT, é que pode achar que uma costura dessa natureza seja despolitizada -o que absolutamente não pode ser o caso do presidente do STF, Nelson Jobim. Esse é o tipo de lobby e de influência disfarçado de parceria mais perverso que existe."
Paula Johns, coordenadora do Programa de Controle do Tabaco e da Rede Tabaco Zero (São Paulo, SP)

Desaparecidos
"É triste ver pessoa tão competente e comprometida com os direitos humanos (João Luiz Duboc Pinaud) abandonar um governo que se elegeu justamente com o discurso da proteção à pessoa. Pinaud tem razão quando diz que não se pode passar por cima de assassinatos e torturas. O contribuinte tem o direito de conhecer a verdade."
Carlos Sanches (São Paulo, SP)


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