São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Lula e enterro do PT

RIO DE JANEIRO - No Palácio do Planalto, ouve-se que PT fez bem ao governo, mas o governo fez mal ao PT. É comum a idéia, no círculo de Lula, de que o partido teve esgotado o projeto que formou. O PT precisaria de mais qualificação e de purgar pelos erros que cometeu.
A carta de saída do governo de Luiz Gushiken, na qual afirma que a vitória de Lula deve-se aos seus méritos pessoais, foi uma espécie de esconjuro ao PT.
É certo que integrantes do partido foram as cargas mais pesadas que Lula carregou nas eleições. Até que ponto por sua própria culpa ainda não é claramente possível dizer. Mas Lula, agora presidente reeleito, parece disposto a enterrar o PT, nem que seja por descuido.
Entre os freqüentadores do gabinete presidencial no primeiro mandato, duas correntes opostas pontificaram na tentativa de montagem de uma base de apoio ao governo. Uma, no início capitaneada por Gushiken, Antonio Palocci e José Genoino, defendia alguma forma de aproximação com o PSDB. Uma agenda mínima de ação que poderia até redundar em participação de tucanos no governo.
Essa linha era tenazmente combatida por José Dirceu e por Aloizio Mercadante. O primeiro apontava suicídio eleitoral na estratégia e dizia que os tucanos têm ódio dos petistas. O segundo, mais ameno, pregava que o distanciamento político entre PT e PSDB permitiria a longo prazo alternância de poder que seria salutar ao país, no sentido de depuração de projetos e abrandamentos de vícios.
Lula não sinalizou claramente para nenhum dos lados. Hoje sua mágoa em relação aos tucanos paulistas virou rancor. E seu petismo anda cada vez mais frio. Os palacianos estão aplainando o projeto do presidente reeleito de apoiar um nome fora do PT para sua sucessão em 2010. A pá de cal na cova petista.


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