|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PLÍNIO FRAGA
Lula e enterro do PT
RIO DE JANEIRO - No Palácio do
Planalto, ouve-se que PT fez bem ao
governo, mas o governo fez mal ao
PT. É comum a idéia, no círculo de
Lula, de que o partido teve esgotado
o projeto que formou. O PT precisaria de mais qualificação e de purgar
pelos erros que cometeu.
A carta de saída do governo de
Luiz Gushiken, na qual afirma que a
vitória de Lula deve-se aos seus méritos pessoais, foi uma espécie de
esconjuro ao PT.
É certo que integrantes do partido foram as cargas mais pesadas
que Lula carregou nas eleições. Até
que ponto por sua própria culpa
ainda não é claramente possível dizer. Mas Lula, agora presidente reeleito, parece disposto a enterrar o
PT, nem que seja por descuido.
Entre os freqüentadores do gabinete presidencial no primeiro mandato, duas correntes opostas pontificaram na tentativa de montagem
de uma base de apoio ao governo.
Uma, no início capitaneada por
Gushiken, Antonio Palocci e José
Genoino, defendia alguma forma de
aproximação com o PSDB. Uma
agenda mínima de ação que poderia
até redundar em participação de tucanos no governo.
Essa linha era tenazmente combatida por José Dirceu e por Aloizio
Mercadante. O primeiro apontava
suicídio eleitoral na estratégia e dizia que os tucanos têm ódio dos petistas. O segundo, mais ameno, pregava que o distanciamento político
entre PT e PSDB permitiria a longo
prazo alternância de poder que seria salutar ao país, no sentido de depuração de projetos e abrandamentos de vícios.
Lula não sinalizou claramente
para nenhum dos lados. Hoje sua
mágoa em relação aos tucanos paulistas virou rancor. E seu petismo
anda cada vez mais frio. Os palacianos estão aplainando o projeto do
presidente reeleito de apoiar um
nome fora do PT para sua sucessão
em 2010. A pá de cal na cova petista.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: A política como serviço Próximo Texto: Antônio Ermírio de Moraes: Reforma trabalhista Índice
|