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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Reforma trabalhista
EM ARTIGO anterior, focalizei
uma reforma difícil, mas urgente e necessária -a tributária. Neste, tratarei de outra igualmente importante -a trabalhista.
Em relação às nações mais desenvolvidas do mundo, o Brasil é
um país de baixos salários. Mas, em
relação aos países emergentes da
Ásia e da Europa Central e do Leste, o custo do trabalho no Brasil é
alto, e isso se deve, principalmente,
aos elevados encargos sociais, que
somam mais de 100% do salário.
Ademais, no Brasil, sobra a mão-de-obra pouco qualificada e falta a
especializada. É só crescer 4% ou
5% e o país apresenta uma grave
falta de pessoal qualificado.
Para complicar, a nossa lei trabalhista é a mesma para as mais diferentes situações, valendo tanto para uma grande montadora de automóveis como para uma pequena quitanda.
A imposição das mesmas despesas a todas as empresas gera efeitos
perversos tanto na pequena como
na grande. Na primeira, surge a terrível informalidade, que atinge
mais de 50% da força de trabalho.
Na segunda, reduz-se a sua competitividade, afetando os novos investimentos e o emprego.
Neste campo, o diagnóstico também é claro. O Brasil precisa simplificar o enorme cipoal de leis relativas à contratação e à descontratação do trabalho. Para as micro e pequenas empresas, que constituem a maioria, os custos de demissão são insuportáveis e apavoram os empresários a ponto de preferirem arriscar na informalidade
do que contratar na legalidade
-prática nefasta para os trabalhadores e para a Previdência Social,
que nada recolhe dessas empresas
e dos empregados.
Mas simplificar não significa
desregulamentar. O trabalho precisa ser regulamentado. A melhor
regulamentação é a que combina a
disciplina garantida pela lei com a
disciplina garantida pelo contrato.
Aqui é que está o núcleo da questão. O Brasil precisa de uma reforma trabalhista que mantenha os
direitos conquistados ao longo dos
anos e, ao mesmo tempo, abra a
possibilidade de realizar outras
transações para aqueles que estão
dispostos a assim proceder.
Para que não se aviltem as condições do trabalho, essas transações
precisam contar com a participação de sindicatos legítimos e que
recolham a opinião dos representados pelo voto secreto e bem pensado e que sejam capazes de distinguir o momento de avançar do momento de moderar.
É o mundo da negociação que,
entre nós, está atrofiado -para não
dizer inerte.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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