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VALDO CRUZ
Mãe de todas as batalhas
BRASÍLIA - Partamos do pressuposto de que o governo Lula não pode prescindir hoje dos recursos da
CPMF e, portanto, precisa prorrogá-la por mais um período. Diante
dessa constatação, tenhamos em
mente que sem a grana do imposto
do cheque teremos problemas fiscais. O que, em tese, pode prejudicar um ciclo de crescimento que há
muito o país não experimentava.
Sigamos no tema sabendo que,
dentro do Senado, a maior parte da
base aliada, muitos tucanos e até alguns democratas partilham da
mesma opinião. Alguns a manifestam publicamente, outros, intramuros. Nem todos, porém, pretendem segui-la. Cada um por um motivo particular. Isso mesmo, particular, jamais coletivo. Aí está a pequenez da política.
O fato é que, mais uma vez, estamos prestes a assistir a um espetáculo deprimente. De um lado, senadores governistas afiam suas garras, dispostos a arrancar carguinhos e verbas de um governo em
completo desespero.
De outro, senadores da oposição,
que já comentaram reservadamente que a União não pode ficar sem os
recursos da CPMF, e não são poucos, apostam na estratégia de encurralar o governo e derrotá-lo.
Aí, eu me pergunto: e o interesse
do país? Se essa turma sabe dos riscos implícitos no fim do imposto do
cheque, por que apostar no "quanto
pior, melhor para mim" -politicamente dizendo.
Não que o governo Lula não mereça o susto. Tem boa parte de culpa
no caso em questão. Nada fez para
promover uma reforma tributária e
adotar um controle de gastos públicos. Não bastasse isso, foi incompetente em deixar para a última hora
prorrogar algo considerado por ele
tão essencial.
Diante desse cenário, o final de
ano promete ao governo o que ele
mesmo classifica internamente de
"a mãe de todas as batalhas". Na
qual a grande vítima pode ser a economia de um pobre país que, com a
classe política que tem, talvez mereça ficar patinando.
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