São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2007

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VALDO CRUZ

Mãe de todas as batalhas

BRASÍLIA - Partamos do pressuposto de que o governo Lula não pode prescindir hoje dos recursos da CPMF e, portanto, precisa prorrogá-la por mais um período. Diante dessa constatação, tenhamos em mente que sem a grana do imposto do cheque teremos problemas fiscais. O que, em tese, pode prejudicar um ciclo de crescimento que há muito o país não experimentava.
Sigamos no tema sabendo que, dentro do Senado, a maior parte da base aliada, muitos tucanos e até alguns democratas partilham da mesma opinião. Alguns a manifestam publicamente, outros, intramuros. Nem todos, porém, pretendem segui-la. Cada um por um motivo particular. Isso mesmo, particular, jamais coletivo. Aí está a pequenez da política.
O fato é que, mais uma vez, estamos prestes a assistir a um espetáculo deprimente. De um lado, senadores governistas afiam suas garras, dispostos a arrancar carguinhos e verbas de um governo em completo desespero.
De outro, senadores da oposição, que já comentaram reservadamente que a União não pode ficar sem os recursos da CPMF, e não são poucos, apostam na estratégia de encurralar o governo e derrotá-lo.
Aí, eu me pergunto: e o interesse do país? Se essa turma sabe dos riscos implícitos no fim do imposto do cheque, por que apostar no "quanto pior, melhor para mim" -politicamente dizendo.
Não que o governo Lula não mereça o susto. Tem boa parte de culpa no caso em questão. Nada fez para promover uma reforma tributária e adotar um controle de gastos públicos. Não bastasse isso, foi incompetente em deixar para a última hora prorrogar algo considerado por ele tão essencial.
Diante desse cenário, o final de ano promete ao governo o que ele mesmo classifica internamente de "a mãe de todas as batalhas". Na qual a grande vítima pode ser a economia de um pobre país que, com a classe política que tem, talvez mereça ficar patinando.


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