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Editoriais
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O poder de Pequim
A PRIMEIRA visita à China do
presidente dos EUA, Barack Obama, chegou ao
fim sem que o principal tema de
divergência entre os dois países
tenha conhecido qualquer avanço. O governo americano busca
convencer Pequim da necessidade de abrir mão de um dos elementos centrais de sua política
econômica: o enfraquecimento
forçado da moeda chinesa, o
yuan, atrelado ao dólar.
Ao aferrar-se a tal mecanismo,
o governo chinês procura manter intocado, mesmo após a crise
econômica mundial, o seu modelo de crescimento baseado em
exportações. Com o yuan fraco
em relação a outras moedas, seus
produtos se tornam mais baratos
e competitivos mundo afora.
Do ponto de vista dos prejudicados por essa política -as indústrias de outros países-, a situação vem se agravando desde o
ano passado. Para tentar reanimar a própria economia, o banco
central dos EUA zerou a taxa básica de juros, inundando o planeta de dólares. Assim, também as
exportações americanas se beneficiaram com o barateamento
relativo do dólar e, consequentemente, de seus produtos.
Mas o que a visita de Obama
explicita é que medidas autônomas dos EUA já não são suficientes para gerir sua própria economia. A peregrinação de autoridades americanas ao país asiático
explicita o novo balanço de poder global, e sua frequência deve
aumentar nos próximos anos.
O modelo cambial chinês limita a eficácia da política monetária dos EUA -mais ainda se vier
a ser copiado por outros países.
Cabe indagar se a continuidade
desse atrelamento entre dólar e
yuan é do interesse de Pequim,
pois o sistema só funciona quando a máquina de consumo e endividamento das famílias americanas funciona a pleno vapor.
Se os prognósticos acerca de
uma recuperação lenta nos EUA
se concretizarem, uma inflexão
"para dentro" da economia chinesa será inevitável.
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