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FERNANDO RODRIGUES
Vácuo de nomes
BRASÍLIA - Há um perigoso vácuo de nomes nas duas principais disputas
eleitorais de 2006.
Para presidente da República, só
contam para valer Lula, Serra e Alckmin -sendo generoso com Alckmin.
Na eleição para governador de São
Paulo, como mostrou o Datafolha, o
nome mais forte é o de Orestes Quércia (PMDB). Tucanos e petistas são
coadjuvantes por enquanto.
O único partido organizado relativamente como deve ser uma agremiação política, o PT, teve sua cúpula quase dizimada pelo "mensalão".
Os outros não se renovaram.
A não-renovação chega ao ponto
de as pesquisas regurgitarem nomes
como o de Quércia. O PFL, um agrupamento de elite com linhagem derivada de Pedro Álvares Cabral, está
pressionando para que o seu candidato em São Paulo seja Guilherme
Afif Domingos. Outro dia, os pefelistas fizeram um congresso dizendo
que iriam reconstruir a sigla. Se for
assim, não irão longe.
No PSDB, os nomes para o Palácio
dos Bandeirantes são José Aníbal
(6% de intenção de voto) e Paulo Renato (3% a 4%). Se a eleição fosse hoje, o partido só não faria feio se o candidato fosse FHC. Suprema humilhação para o tucano ex-presidente. Logo ele, retornar para a província depois de criticar duramente Itamar
Franco por ter feito o mesmo caminho em 1998.
É clichê dizer que em política não se
deve fazer previsão com muita antecedência. A eleição será só em 1º de
outubro de 2006. Ainda assim, desde
o retorno do país à democracia, nunca foi tão grande o deserto de nomes
a menos de um ano da eleição.
É um momento, em certa medida,
histórico. Será a última grande chance de alguns caciques conseguirem
um lugar ao sol (Quércia, Afif, FHC
ou quem seja). Depois, o vazio.
Dada a abulia com que o eleitorado
recebeu a absolvição de mais um deputado mensaleiro na semana passada, o vácuo político está à disposição
para aventureiros prosperarem. É, de
longe, o pior cenário para o Brasil.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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