|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO GABEIRA
Chovendo no molhado
RIO DE JANEIRO - Fiz uma rápida viagem a Santa Catarina e Campos (RJ) para aprender como estamos reagindo às enchentes. Ainda
há muito que estudar.
Em Campos, soube que 119 casas
populares, inacabadas, foram invadidas pelos desabrigados. Acontece
que foram construídas para os que
perderam suas casas nas enchentes
anteriores.
Tanto em Santa Catarina como
em Campos o problema é comum: a
ajuda federal custa tanto a chegar
que só consegue alcançar o próximo desastre. Qual o caminho para
superar este problema? Uma das
fórmulas é criar um fundo nacional,
evitando responder com medidas
provisórias cada vez que caem as
grandes chuvas.
Tanto Santa Catarina como Campos têm tradição de desastres naturais. Os catarinenses produziram
um atlas das principais catástrofes.
Mas em nenhum lugar onde houve grandes chuvas vêem-se obras
planejadas de prevenção. Uma lacuna. Outra lacuna: as forças políticas continuam considerando um
humanismo lutar para que as famílias continuem morando em lugares perigosos.
No auge das chuvas aqui, foi criado na Polônia um fundo internacional para adaptação das mudanças
climáticas. Será gerido pelo Banco
Mundial e é uma fonte para planos
nacionais.
Só em fevereiro/março teremos
um balanço completo do que se
passou no país. Uma coisa ficou clara em Campos. Quando não crê nos
políticos, a população se distancia.
O prefeito desapareceu e a sucessora teve suas contas bloqueadas.
Sem governos respeitados, será
difícil um plano nacional de adaptação e mitigação. Na verdade, tudo
será difícil, pois a maioria acha essa
conversa sobre prevenção uma nova versão da ecochatice. As chuvas
de verão são a chance de colocar o
problema na agenda. Antes do próximo desastre.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Joga pedra! Próximo Texto: José Sarney: Sonho de Natal Índice
|