São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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FERNANDO GABEIRA

Chovendo no molhado

RIO DE JANEIRO - Fiz uma rápida viagem a Santa Catarina e Campos (RJ) para aprender como estamos reagindo às enchentes. Ainda há muito que estudar.
Em Campos, soube que 119 casas populares, inacabadas, foram invadidas pelos desabrigados. Acontece que foram construídas para os que perderam suas casas nas enchentes anteriores.
Tanto em Santa Catarina como em Campos o problema é comum: a ajuda federal custa tanto a chegar que só consegue alcançar o próximo desastre. Qual o caminho para superar este problema? Uma das fórmulas é criar um fundo nacional, evitando responder com medidas provisórias cada vez que caem as grandes chuvas.
Tanto Santa Catarina como Campos têm tradição de desastres naturais. Os catarinenses produziram um atlas das principais catástrofes.
Mas em nenhum lugar onde houve grandes chuvas vêem-se obras planejadas de prevenção. Uma lacuna. Outra lacuna: as forças políticas continuam considerando um humanismo lutar para que as famílias continuem morando em lugares perigosos.
No auge das chuvas aqui, foi criado na Polônia um fundo internacional para adaptação das mudanças climáticas. Será gerido pelo Banco Mundial e é uma fonte para planos nacionais.
Só em fevereiro/março teremos um balanço completo do que se passou no país. Uma coisa ficou clara em Campos. Quando não crê nos políticos, a população se distancia. O prefeito desapareceu e a sucessora teve suas contas bloqueadas.
Sem governos respeitados, será difícil um plano nacional de adaptação e mitigação. Na verdade, tudo será difícil, pois a maioria acha essa conversa sobre prevenção uma nova versão da ecochatice. As chuvas de verão são a chance de colocar o problema na agenda. Antes do próximo desastre.


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