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FERNANDO DE BARROS E SILVA
A questão mineira
SÃO PAULO - Tudo o que o governo não quer e mais teme é disputar
a eleição contra uma chapa que tenha Aécio como vice de Serra. O governador de Minas é o primeiro a
saber disso. E sabe também que daqui em diante será grande a pressão
dos tucanos para que ele se convença a compor a chapa puro sangue.
Mas por que Minas Gerais parece
tão importante no jogo que vai se
armando para 2010? Primeiro, porque é o segundo maior colégio eleitoral do país. Reúne, hoje, mais de
14 milhões de eleitores, cerca de
11% do eleitorado nacional, mais ou
menos a metade do que há em SP.
Nas últimas eleições, os mineiros
não mostraram entusiasmo pelos
tucanos paulistas que concorriam à
Presidência. Em 2002, Serra teve
no Estado 33,6% dos votos, contra
66,4% de Lula. Em 2006, Geraldo
Alckmin terminou com 34,8% em
Minas, contra 65,2% de Lula.
Nas duas ocasiões, disputando o
governo, Aécio venceu ainda no primeiro turno -com 57,7% em 2002,
com incríveis 77% em 2006. Prevaleceu o que se batizou de "Lulécio".
Agora, inclusive em razão de sua
localização geográfica, Minas se
torna uma metáfora física da divisão do país. Numa visão sem dúvida
simplificadora, mas lastreada na
realidade e de forte apelo simbólico, projeta-se uma disputa com
vantagem da oposição tucana de
São Paulo para baixo e com domínio do governo petista do Rio para
cima. Minas seria o fiel da balança.
Sem Aécio na vice, os tucanos devem ter imensos dissabores na terra de Tancredo. Mas o raciocínio do
mineiro sobre a mesma questão pode ser outro: se o PSDB derrotar
Dilma, a vitória terá sido de Serra;
se for batido, Aécio perde junto. Em
troca de que, então, desperdiçar a
vaga certa ao Senado e sacrificar a
campanha ao governo de seu atual
vice, Antonio Anastasia?
Serra terá que se lançar sem nenhuma garantia de que Aécio se
juntará a ele. Mais: terá de enfrentar dos mineiros a reação que um
taxista de Belo Horizonte resumiu
assim: -São Paulo não quer deixar
o Aécio ser nosso presidente...
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