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CESAR MAIA
Democracia cristã!
OS PARTIDOS DEMOCRATA--cristãos já foram um forte
vetor político na América
Latina. Hoje pouco representam.
Nos anos 60, o PDC chileno era a
força parlamentar mais importante. O Copei venezuelano governou
por muitos anos a partir dos anos
60. O PDC brasileiro, sem a expressão destes, tinha presença na Internacional Democrata-Cristã pela
proximidade de Franco Montoro,
do Brasil, com Eduardo Frei, do
Chile, e com a DC italiana.
Na eleição de domingo passado,
o Partido Democrata Cristão do
Chile manteve a tendência declinante. Antes do golpe de 73, tinha
um terço dos deputados. Com a redemocratização, o PDC voltou a esse patamar nas eleições de 1989 e
de 1993, com 31% dos deputados.
Em 1997, caiu para 23%, em 2001,
para 19%, em 2005, para 16%, e,
agora, 14%. Isso porque o sistema
eleitoral -de duas primeiras maiorias- o favorece. No Senado, a tendência foi a mesma. O Copei venezuelano desapareceu com a ascensão do chavismo. As demais siglas
latino-americanas que buscam a
referência democrata-cristã nada
expressam.
No Brasil, o PDC de Franco
Montoro e Plínio de Arruda Sampaio não existe mais. Plínio, desde
o exílio, migrou para a esquerda.
Montoro voltou ao poder pelo
PMDB e fez o seu grupo crescer e
se tornar uma referência no país.
Mas, na formação de seu governo e
na posse de seu suplente (FHC) no
Senado, os sinais de democracia
cristã desapareceram e emergiu
um partido de centro, social-democrata/social-liberal, afirmado
como tal na Presidência de FHC.
Por que isso ocorreu na América
Latina e não ocorreu na Europa?
Os casos do Chile e da Alemanha
são explicativos.
Após a Renovação Nacional, RN,
(que substituiu o Partido Nacional,
antes a direita no Chile), surgiu a
UDI (União Democrata Independente), modernizando-se como
centro-direita. Em 1989, obteve 8%
dos deputados. Foi subindo à medida que o PDC caía, numa nítida
troca de votos: 12%, 14%, 25%, 22%
e, agora, domingo, 23%, afirmando-se como a maior força na Câmara de Deputados no Chile.
A segunda é a RN, com 18%. Depois dos 14% do PDC, vem PPD, de
Lagos, com 12%, e PS, de Bachelet,
com 10%. Na Europa, o CDU assumiu uma posição de centro-direita
moderna e ocupou este espaço, inibindo a troca com os liberais democratas, atuando em parceria
com estes, como agora em 2009.
Na Itália, a DC, que tinha mais da
metade do Parlamento, desapareceu. Na América Latina, os democrata-cristãos, ao serem percebidos como um centro insípido, desintegraram-se. Foram sendo engolidos pela centro-direita moderna, social-liberal/social-democrata. Extinguiram-se por não se
renovarem.
cesar.maia@uol.com.br
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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