|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SANEAMENTO EM CRISE
O saneamento urbano foi um
dos setores mais afetados pelo
ajuste fiscal implementado no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso: o gasto médio anual
nessa esfera diminuiu de R$ 1 bilhão
por ano, entre 1995 e 1998, para R$
263 milhões, a partir de 1999.
Dois fatores obstaculizavam os investimentos: em uma ponta, o Banco
Central limitou os empréstimos da
Caixa Econômica Federal ao setor
público, que controla 95% do mercado de saneamento; de outro, o acordo do Brasil com o FMI tolheu os investimentos das empresas estatais.
Essas restrições acabaram atrasando a expansão das redes de água e esgoto, que ainda hoje não alcançam
boa parte da população brasileira.
Segundo o Censo 2000, apenas
56,5% dos domicílios particulares no
país apresentavam um saneamento
adequado. A Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico do IBGE revelou
que, em 2001, 41,6% dos distritos do
país não tinham rede de esgoto e
38,6% não possuíam água tratada.
Agora, com a economia emitindo
sinais incipientes de descompressão,
o setor público tenta recuperar terreno. O governo federal deve contratar,
no dia 17 de fevereiro, um empréstimo com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com a finalidade de universalizar o fornecimento de água encanada e a coleta de esgoto para as cidades com população
entre 15 mil e 75 mil habitantes.
Ainda em fevereiro, o ministro das
Cidades, Olívio Dutra, deve fechar
um contrato com o Banco Mundial
para financiar o programa Sede Zero, que prevê uma série de obras para
melhorar as condições de vida no semi-árido brasileiro, região ameaçada
de desertificação. O programa inclui
a adaptação dos telhados para captação de águas pluviais e a construção
de cisternas e unidades sanitárias.
Somando tudo, parece pouco para
uma nação que tem carências tão
graves a serem eliminadas. Mas,
dentro dos limites impostos pela
manutenção do equilíbrio das contas
públicas, talvez seja o possível.
Texto Anterior: Editoriais: QUESTÃO DE DIREITO Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: A imprevidência tucana de Lula Índice
|