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A China se arma
A CHINA voltou a demonstrar sua evolução na tecnologia armamentista ao
testar com sucesso um míssil anti-satélite. Torna-se o terceiro
país a dominar essa técnica,
igualando-se aos EUA e à Rússia.
Há motivos para preocupação.
A aventura chinesa poderia
reinstituir um cenário de corrida
armamentista do qual o mundo
se livrou há 20 anos. Norte-americanos e russos deixaram de
realizar testes do gênero nos
anos 80. George W. Bush, pouco
após assumir o poder, cogitou retomar o projeto de construir um
escudo antimísseis no espaço.
Após o 11 de Setembro, deu-se
conta de que a ameaça era outra,
e os planos foram congelados.
A entrada da China no clube
das potências espaciais -vale
lembrar que Pequim já é capaz
de lançar missões tripuladas-
poderia incentivar Bush ou seu
sucessor a retirar o Guerra nas
Estrelas da geladeira, o que poderia dar início a uma indesejável militarização do espaço.
Pequim vem já há tempos
substituindo o gigantesco Exército de 3 milhões de pessoas por
Forças Armadas profissionais e
ágeis. Renovou a Aeronáutica e
agora investe na Marinha. Desenvolveu submarinos nucleares
e parece estar construindo um
porta-aviões. Tais equipamentos
permitem projetar o poderio militar para além das suas fronteiras. A manter esse ritmo, as forças chinesas serão dominantes
no Pacífico antes de 2020.
Está claro que a China não vai
se contentar em ser apenas uma
potência regional. A emergência
militar chinesa, que parece inevitável em médio ou longo prazo,
projeta a consolidação de um antagonismo com os EUA algo semelhante ao que prevaleceu entre americanos e soviéticos durante a Guerra Fria.
Mas, à diferença da URSS, a
China, vedete das multinacionais, entrará nessa rivalidade
despojada de ideologia.
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