São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Os empresários e o combate à fome
ODED GRAJEW
O Programa Fome Zero, prioridade do novo governo, é parte essencial de seu chamamento à ação coletiva no combate à desigualdade social. Esse programa trata a fome a partir do conceito de segurança alimentar: acesso a uma alimentação suficiente, segura e nutritiva. Buscando contribuir nessa perspectiva, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social está lançando o manual "Como as Empresas Podem Apoiar e Participar do Combate à Fome", que contém, além de um breve diagnóstico da fome e da pobreza no Brasil, um panorama das políticas que compõem o Fome Zero. A publicação apresenta suas propostas estruturais, políticas específicas e ações de caráter local. Nesses níveis, há várias iniciativas que poderão ser assumidas pelas empresas, em parceria com o governo e com outros segmentos da sociedade. Entre as proposições sugeridas, existem algumas cujo sucesso depende em grande medida do apoio empresarial. É o caso do projeto Investir na Juventude, que prevê a contratação de jovens para trabalhar na comunidade (inclusive nas ações do Programa Fome Zero) e, como contrapartida, o compromisso desses jovens com a sua permanência na escola regular ou em cursos profissionalizantes. Muitas outras propostas do Fome Zero para as empresas estão indicadas no manual: ajudar no financiamento de agências de microcrédito solidário, adotar iniciativas de suplementação de renda para as comunidades e investir na melhoria da renda de seus funcionários, contribuir para o fundo que vai bancar o cartão-alimentação, incentivar funcionários a participar do programa como voluntários, conceder bolsas de estudo para filhos de funcionários ou membros da comunidade, incrementar o fornecimento de merenda nas escolas públicas, combater a desnutrição materno-infantil, ampliar o Programa de Alimentação ao Trabalhador, subsidiar a criação e manutenção de bancos de alimentos, doar gêneros alimentícios ou assegurar apoio logístico à sua distribuição, colaborar com as instituições que atendem à população-alvo do programa e ajudar na implantação de restaurantes populares. Há muito a ser feito. Mas o apoio expressivo já manifestado por inúmeras empresas indica como elas estão chamando também para si a prioridade do Fome Zero. No Brasil do governo Lula, onde mudança é a palavra-chave, os empresários, coerentes com sua responsabilidade social, poderão assumir na plenitude seu papel de empreendedores e cidadãos. Oded Grajew, 58, é assessor especial do Presidente da República, idealizador do Fórum Social Mundial e presidente licenciado do Instituto Ethos. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Lindberg Farias: Palocci caminha para o isolamento Índice |
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