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VOTO NO IRÃ
Os iranianos vão hoje às urnas para escolher seus legisladores. As circunstâncias não são das mais usuais. Tanto os reformistas
quanto os conservadores estão divididos. No campo dos liberais, os
mais radicais boicotam o pleito, enquanto os moderados, liderados pelo presidente Mohammad Khatami,
defendem a participação. Nas hostes
conservadoras, os pragmáticos querem conquistar uma maioria confortável no novo Majlis (Parlamento),
enquanto os dogmáticos não dão
muita atenção ao Legislativo.
A divisão entre os conservadores é a
que desperta mais interesse, pois são
eles que detêm de fato o poder no
país. É também ela que explica a crise
das candidaturas, deflagrada depois
que o Conselho de Guardiães, espécie de Corte Constitucional, dominado por conservadores, vetou cerca de
2.500 candidatos reformistas.
A manutenção das proibições,
mesmo depois de o líder supremo do
país, aiatolá Ali Khamenei, ter pedido que o conselho as revisse parcialmente, sugere que os conservadores
pragmáticos estão momentaneamente dando as cartas. Khamenei, é
bom lembrar, representa os conservadores dogmáticos e indicou todos
os membros do conselho.
Seja como for, a fissura nesse campo não é assim tão profunda. Os
conservadores pragmáticos pretendem controlar o ritmo das reformas
dominando o Parlamento; e os conservadores dogmáticos pretendem
manter o controle simplesmente
sem abrir mão de poder algum.
A grande incógnita são os estudantes. Se aderissem aos liberais radicais
e saíssem às ruas para protestar, poderiam precipitar mudanças. Ao que
tudo indica, porém, as divisões entre
os conservadores e o prestígio declinante dos reformistas -que não
conseguiram implementar reformas
significativas desde a primeira eleição de Khatami, em 1997- contribuem para que os jovens se mantenham em compasso de espera.
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