São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011

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No rumo da democracia

Depois da Tunísia e do Egito, espalham-se os movimentos de protesto em outros países árabes. A Líbia, dominada há 41 anos por Muammar Gaddafi, levanta-se num "dia de fúria"; o ditador responde com atiradores de elite.
No Bahrein, militares a serviço do rei Hamad Al-Khalifa ocupam a praça da Pérola, na capital Manama, depois de disparar contra a população. No Iêmen, conflitos entre a oposição e os seguidores de Ali Abdullah Saleh (há 32 anos no poder) sucedem-se há dias, motivando por parte do ditador a promessa de que não irá buscar novo mandato nem fazer de seu filho o sucessor.
Realidades econômicas e sociais distintas caracterizam, na verdade, cada um desses países. A renda per capita do Iêmen, que é de U$ 2.600 (cerca de R$ 4.300), contribui para colocá-lo em 133º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Já o Bahrein ostenta renda per capita quase 20 vezes maior (US$ 40,4 mil), e situa-se em 39º lugar no IDH.
Pobreza, desemprego ou inflação não bastam para explicar, como se vê, a onda de protestos. Se há um problema comum a essas nações, é a falta de democracia.
Com a revolta no Bahrein, os protestos chegam às vizinhanças da Arábia Saudita, país sob monarquia fundamentalista, que é o maior exportador de petróleo da região e principal aliado dos Estados Unidos. Ao contrário de Egito e Tunísia, onde os governantes foram de certa forma apanhados de surpresa, os demais regimes sob ameaça trataram de preparar-se para o enfrentamento.
É assim que, no curto prazo, tudo é incerteza quanto ao sucesso dos movimentos. No longo prazo, porém, há menos a duvidar.
Monarquias absolutistas, ditadores de óculos escuros e cabelo pintado, castas de príncipes, sistemas obscurantistas e teocráticos não haverão de ter futuro num mundo em que a informação se globaliza, em que as multidões bem ou mal se instruem, e em que não cessa de crescer, apesar de atrasos e percalços, o desejo universal de democracia e liberdade.


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