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Os inimigos de FHC
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Os fernandistas costumavam pensar em dois possíveis adversários para a próxima eleição presidencial, em 98.
Um era o PT. O outro, Paulo Maluf.
Agora, segundo os aliados mais próximos de FHC, a CPI dos Precatórios
já teria ferido de morte Paulo Maluf.
A pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que a percepção popular
imputa a Maluf algum envolvimento
nas maracutaias dos títulos públicos.
Isso tem efeito avassalador sobre a
carreira política do ex-prefeito de São
Paulo. Há dez anos Maluf vem reconstruindo sua imagem. Apagou quase
todos os resquícios ruins do passado.
Só que o escândalo dos precatórios
ainda encontrou terreno fértil nas
mentes dos eleitores. Fizeram logo a
conexão com Maluf.
No caso, pouco importa se é verdade
ou não. A imagem de um político não
é sempre alimentada por fatos verdadeiros. O que vale, como diz César
Maia, são os factóides.
Por tudo isso, no Planalto, há muita
gente chamando Maluf de cadáver político. Talvez prematuramente. Mas
essa é outra história. O tempo dirá se
os tucanos estão certos ou errados. O
fato é que hoje pensam assim.
Sobrou para FHC combater, portanto, apenas o PT e os movimentos de
esquerda que se unirem aos petistas.
Com o desaparecimento momentâneo de Maluf, o PT e o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) têm sido o tema principal da
conversas sobre macropolítica entre os
governistas.
A avaliação é que o PT vai radicalizar cada vez mais a partir de agora.
Desemprego e reforma agrária serão
as bandeiras prediletas.
Contra o desemprego, o pequeno e
constante crescimento da economia
deve oferecer alguma resposta. Além
disso, o governo despejará milhões de
reais em programas de requalificação
profissional.
Sobra, então, a reforma agrária. Há
uma unanimidade nacional em torno
dos sem-terra. E é contra eles que FHC
procura uma saída.
Mas não sabe ainda como fazer.
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