São Paulo, quinta, 20 de março de 1997.

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Os inimigos de FHC

FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Os fernandistas costumavam pensar em dois possíveis adversários para a próxima eleição presidencial, em 98.
Um era o PT. O outro, Paulo Maluf.
Agora, segundo os aliados mais próximos de FHC, a CPI dos Precatórios já teria ferido de morte Paulo Maluf.
A pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que a percepção popular imputa a Maluf algum envolvimento nas maracutaias dos títulos públicos.
Isso tem efeito avassalador sobre a carreira política do ex-prefeito de São Paulo. Há dez anos Maluf vem reconstruindo sua imagem. Apagou quase todos os resquícios ruins do passado.
Só que o escândalo dos precatórios ainda encontrou terreno fértil nas mentes dos eleitores. Fizeram logo a conexão com Maluf.
No caso, pouco importa se é verdade ou não. A imagem de um político não é sempre alimentada por fatos verdadeiros. O que vale, como diz César Maia, são os factóides.
Por tudo isso, no Planalto, há muita gente chamando Maluf de cadáver político. Talvez prematuramente. Mas essa é outra história. O tempo dirá se os tucanos estão certos ou errados. O fato é que hoje pensam assim.
Sobrou para FHC combater, portanto, apenas o PT e os movimentos de esquerda que se unirem aos petistas.
Com o desaparecimento momentâneo de Maluf, o PT e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) têm sido o tema principal da conversas sobre macropolítica entre os governistas.
A avaliação é que o PT vai radicalizar cada vez mais a partir de agora. Desemprego e reforma agrária serão as bandeiras prediletas.
Contra o desemprego, o pequeno e constante crescimento da economia deve oferecer alguma resposta. Além disso, o governo despejará milhões de reais em programas de requalificação profissional.
Sobra, então, a reforma agrária. Há uma unanimidade nacional em torno dos sem-terra. E é contra eles que FHC procura uma saída.
Mas não sabe ainda como fazer.

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