São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

Próximo Texto | Índice

MENOS RIGIDEZ

Os sinais de que a economia brasileira volta a crescer se multiplicam. Desde a virada do ano a indústria amplia sua produção e suas vendas ao comércio. E as vendas do comércio aos consumidores retornam, agora em março, ao nível do mesmo mês do ano passado.
Mas a retomada é incipiente e exibe um elo frágil: a renda dos trabalhadores, bastante enfraquecida pelo aumento do desemprego e da inflação verificado no segundo semestre do ano passado. Descontada a inflação, o rendimento médio dos trabalhadores ocupados situou-se, em dezembro de 2001, 8,8% abaixo do nível de dezembro de 2000. Enquanto isso, o número de pessoas com uma ocupação se manteve estagnado.
Uma reversão do atual quadro adverso do mercado de trabalho é necessária para uma recuperação sólida do consumo de bens e serviços básicos. E o consumo básico é o maior dentre os vários componentes da demanda agregada: apesar da grave concentração de renda, ele responde por cerca de 45% do PIB.
A melhora dos salários e do emprego requer que sejam criadas condições favoráveis a novas contratações. É preciso, sobretudo, que o crédito seja estimulado -o que pressupõe que a taxa de juros seja reduzida.
O Banco Central se reúne hoje para definir os juros básicos da economia. Com o maior otimismo trazido pelos sinais de recuperação da economia dos EUA, predomina a avaliação de que os juros serão cortados. Isso apesar de o mercado projetar que a taxa oficial de inflação encerrará 2002 mais de um ponto percentual acima da meta perseguida pelo BC.
Vai-se evidenciando que essa meta perdeu peso. Seu descumprimento em 2001 foi absorvido sem traumas, e o mercado não está assustado com a perspectiva de nova não-observância em 2002. Caso seja confirmada, a posição mais flexível do BC dará alento à economia em geral e ao mercado de trabalho em particular. O modelo de política monetária dará assim mostras de que vai se tornando mais compatível com as necessidades do desenvolvimento do país.



Próximo Texto: Editoriais: DÓLAR PESADO
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.