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MENOS RIGIDEZ
Os sinais de que a economia
brasileira volta a crescer se
multiplicam. Desde a virada do ano a
indústria amplia sua produção e suas
vendas ao comércio. E as vendas do
comércio aos consumidores retornam, agora em março, ao nível do
mesmo mês do ano passado.
Mas a retomada é incipiente e exibe
um elo frágil: a renda dos trabalhadores, bastante enfraquecida pelo
aumento do desemprego e da inflação verificado no segundo semestre
do ano passado. Descontada a inflação, o rendimento médio dos trabalhadores ocupados situou-se, em dezembro de 2001, 8,8% abaixo do nível de dezembro de 2000. Enquanto
isso, o número de pessoas com uma
ocupação se manteve estagnado.
Uma reversão do atual quadro adverso do mercado de trabalho é necessária para uma recuperação sólida do consumo de bens e serviços
básicos. E o consumo básico é o
maior dentre os vários componentes
da demanda agregada: apesar da
grave concentração de renda, ele responde por cerca de 45% do PIB.
A melhora dos salários e do emprego requer que sejam criadas condições favoráveis a novas contratações.
É preciso, sobretudo, que o crédito
seja estimulado -o que pressupõe
que a taxa de juros seja reduzida.
O Banco Central se reúne hoje para
definir os juros básicos da economia.
Com o maior otimismo trazido pelos
sinais de recuperação da economia
dos EUA, predomina a avaliação de
que os juros serão cortados. Isso apesar de o mercado projetar que a taxa
oficial de inflação encerrará 2002
mais de um ponto percentual acima
da meta perseguida pelo BC.
Vai-se evidenciando que essa meta
perdeu peso. Seu descumprimento
em 2001 foi absorvido sem traumas,
e o mercado não está assustado com
a perspectiva de nova não-observância em 2002. Caso seja confirmada, a
posição mais flexível do BC dará
alento à economia em geral e ao mercado de trabalho em particular. O
modelo de política monetária dará
assim mostras de que vai se tornando mais compatível com as necessidades do desenvolvimento do país.
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