São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Governo Lula
"Sou assinante da Folha. Depois da eleição de Lula, parece que a condução das reportagens se tornou um tanto quanto tendenciosa. Está cada vez mais difícil encontrar neste jornal críticas construtivas para um governo que acaba de iniciar sua gestão. Um bom jornal só é completo quando não busca apenas fazer críticas destrutivas, mas também dá guarida ao outro lado da moeda."
Alexandre Ceroni (São Paulo, SP)

 

"E lá vem o governo do PT querer aumentar mais a já estúpida carga tributária. Agora, com o argumento de que é para pagar diferenças referentes a um erro do governo anterior em relação aos que se aposentaram entre 1994 e 1997. Tal mediocridade administrativa, infelizmente, já não surpreende. Dá a estranha impressão, somada aos outros fatos do atual governo, de que afinal Collor e Lula não eram tão diferentes assim. O primeiro, mais impetuoso, resolveu tomar o dinheiro de uma vez só; o outro é mais metódico, vai liquidando os recursos dos cidadãos aos poucos. A solução talvez seja recorrer aos direitos humanos. Afinal, tem sido uma desumanidade ser cidadão brasileiro nestas décadas perdidas -e o atual governo executa uma verdadeira tortura social."
Gilberto Brandão Marcon (São João da Boa Vista, SP)

 

"O PT ainda não entendeu que o T de sua sigla significa "trabalhador". Quando cair a ficha, não mais surgirão propostas estapafúrdias de descarregar sobre os trabalhadores a responsabilidade pelos erros das autoridades de governo. Além da atenção à sigla, recomendo aos companheiros certa dose de criatividade. De minha parte, já encontrei uma maneira de arranjar R$ 77 milhões dos R$ 3 bilhões necessários ao pagamento dos aposentados: cancele-se a compra do avião de Lula. Se mais 33 brasileiros enxergarem despesas supérfluas de valor equivalente, que possam ser suprimidas sem prejuízo para o Brasil, a tunga ao trabalhador será dispensada."
Décio Luiz Gazzoni (São Paulo, SP)

 

"É indescritível a demagogia do discurso de Lula (Brasil, página A5 de ontem) no qual ele afirma que não pode legalizar a atuação dos bingos no país devido à lavagem de dinheiro. Na verdade, o que o governo não pode permitir é que se aprofunde o envolvimento de nomes ligados a ele nessa ocorrência fortuita. Se o problema é, de fato, lavagem de dinheiro, então fechem as imobiliárias, as corretoras de seguros, os clubes de futebol e todos os outros setores em que porventura ocorram esses atos ilícitos, por incompetência fiscal do governo."
Danielle Antunes Ribeiro (Santo André, SP)

1964, 40 anos
"Sem dúvida, a democracia é um bem a preservar, e o jornal tem que dar espaço a todas as correntes. Apesar de tudo isso, ler Jarbas Passarinho ("Tendências/Debates", página A3 de ontem) é um triste e amargo regresso a um passado que queremos esquecer. Xô, Passarinho!"
Francisco Mendes (Salvador, BA)

Oriente Médio
"O leitor Mauro Fadul Kurban, em sua carta publicada no "Painel do Leitor" de ontem, condena os atentados de Madri afirmando que, pelo fato de a população não ter apoiado os atos do governo de José María Aznar, a ação era "estranha, dolorosa e injustificável". O mal não é relativo, não está sujeito a análises sobre sua "justiça". Estranho é justificar o terror. Doloroso é deixar entendido que, se uma bomba explodir em Nova York, isso é merecido, pois a população americana apoiou a libertação do Iraque. Injusto é glamorizar o terror palestino comparando-o à resistência francesa. Terrorismo é injustificável sempre. Não é menos trágico para uma família destruída ou para alguém mutilado se a bomba tinha uma causa ou não. A visão maniqueísta do leitor não ampara as lágrimas de familiares e sobreviventes."
Dayvi Mizrahi (Osasco, SP)

PSDB
"Não se sabe o que é pior: suportar Serra como candidato, livrando os leitores da Folha de sua arrogância, ou engolir seus artigos quando está sem cargo. Agora vem o chorão de sempre a declamar contra o arrocho fiscal do governo Lula (Opinião, página A2, 9/2). Seria bom que o sr. Serra apresentasse claramente carga tributária, dívida externa, dívida interna e crescimento do PIB na octaetéride tucana, não se esquecendo de mencionar as receitas de privatização havidas no período."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Política econômica
"Alguém pode negar que toda a ação da política econômica do governo Lula, efetivada pelo ministro Antonio Palocci Filho e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está errada? Alguém desejaria de volta a inflação de 80% registrada em março de 1990? Alguém aceitaria a volta da ciranda financeira, com os indexadores que tivemos a partir do (triste) fracasso do Plano Cruzado? Ninguém quer que o Brasil volte ao caos financeiro. Agora, o que é preciso é uma calibragem da política econômica e das taxas de juros. Não se pode querer inflação zero. Metas de inflação, de superávit primário e fiscal e da balança comercial devem ser seguidas como metas. Não são números absolutos."
Francisco Claudio Tavares (Mogi das Cruzes, SP)

"A Paixão de Cristo"
"Imaginemos um andarilho arrastando multidões, pregando por onde estivesse que o único reino verdadeiro era o de Deus e que para Deus não havia escolhidos: somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, a quem devemos amar. Num ambiente devastado, essas palavras despertam comoção entre os desvalidos e a ira dos poderosos. Com a finalidade de eliminar um foco de desordem e sublevação, a autoridade religiosa se alia à autoridade administrativa, condenando exemplarmente um perturbador da ordem pública -que naqueles tempos andava provocando tumultos no templo, expulsando os mercadores que ali trabalhavam- à morte. O relato dos fatos, entretanto, privilegia uma das facções em detrimento da outra, jogando sobre esta última toda a responsabilidade pelo acontecido. Nesse cenário, a população local não pode ser culpada por uma decisão tomada numa articulação entre os poderes estabelecidos. Mesmo porque o condenado gozava de admiração e afeto entre o dito povo comum."
Monika Schmidt (São Paulo, SP)

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