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Os custos da aventura
HÁ CINCO ANOS , sob o comando de George W.
Bush, os EUA invadiam o
Iraque. Já se mostrou à exaustão
que a aventura foi uma catástrofe humanitária e um fracasso político que encalacrou o Pentágono numa ocupação militar sem
perspectiva de solução. Verifica-se agora que foi também um desastre financeiro.
Reportagem do jornal "The
New York Times" revela que, às
vésperas da invasão, a Casa
Branca estimava que gastaria algo entre US$ 50 bilhões e US$ 60
bilhões para derrubar Saddam
Hussein e instalar um novo governo no país.
Hoje a conta está em US$ 600
bilhões e subindo. Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, calcula que a empreitada
poderá sair por US$ 4 trilhões ou
mais, dependendo de quanto
tempo a ocupação durar.
Avaliações mais conservadoras, como a do Escritório de Orçamento do Congresso, órgão
que municia o Legislativo com
informações técnicas, põem a
conta entre US$ 1 trilhão e US$ 2
trilhões. É muito dinheiro até
mesmo para a maior economia
do planeta, cujo PIB ronda os
US$ 14 trilhões.
Cinco anos atrás, os gastos públicos exigidos pela guerra ajudaram a economia dos EUA a superar a recessão de 2001. Mas,
agora que o país se encontra numa situação de déficit fiscal, e
não mais de superávit, a conta da
guerra contribui para a crescente desvalorização da moeda norte-americana, num movimento
que dificulta o combate à crise de
crédito nos EUA e agrava suas
repercussões globais.
Como se não bastasse, nada indica que o próximo presidente
dos EUA, seja ele qual for, terá
condições de colocar um fim rápido à aventura. Barack Obama,
o pré-candidato mais avesso à
guerra, fala em retirar as tropas
até o fim de 2009. Isso, é claro,
no melhor cenário. E o problema
é que, no Iraque, o melhor cenário nunca se materializa.
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