São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Os custos da aventura

HÁ CINCO ANOS , sob o comando de George W. Bush, os EUA invadiam o Iraque. Já se mostrou à exaustão que a aventura foi uma catástrofe humanitária e um fracasso político que encalacrou o Pentágono numa ocupação militar sem perspectiva de solução. Verifica-se agora que foi também um desastre financeiro.
Reportagem do jornal "The New York Times" revela que, às vésperas da invasão, a Casa Branca estimava que gastaria algo entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões para derrubar Saddam Hussein e instalar um novo governo no país.
Hoje a conta está em US$ 600 bilhões e subindo. Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, calcula que a empreitada poderá sair por US$ 4 trilhões ou mais, dependendo de quanto tempo a ocupação durar.
Avaliações mais conservadoras, como a do Escritório de Orçamento do Congresso, órgão que municia o Legislativo com informações técnicas, põem a conta entre US$ 1 trilhão e US$ 2 trilhões. É muito dinheiro até mesmo para a maior economia do planeta, cujo PIB ronda os US$ 14 trilhões.
Cinco anos atrás, os gastos públicos exigidos pela guerra ajudaram a economia dos EUA a superar a recessão de 2001. Mas, agora que o país se encontra numa situação de déficit fiscal, e não mais de superávit, a conta da guerra contribui para a crescente desvalorização da moeda norte-americana, num movimento que dificulta o combate à crise de crédito nos EUA e agrava suas repercussões globais.
Como se não bastasse, nada indica que o próximo presidente dos EUA, seja ele qual for, terá condições de colocar um fim rápido à aventura. Barack Obama, o pré-candidato mais avesso à guerra, fala em retirar as tropas até o fim de 2009. Isso, é claro, no melhor cenário. E o problema é que, no Iraque, o melhor cenário nunca se materializa.


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