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Campanha pavimentada
O FRENESI empreiteiro do
Planalto não se limita à
prestidigitação fiscal para
manter os investimentos do PAC
e pavimentar a sucessão para a
ministra Dilma Rousseff. A pouco mais de um ano do pleito para
o Planalto, o presidente Lula parece disposto a atropelar também as normas ambientais vigentes nos seis anos de seu governo, apenas para apressar
obras rodoviárias sincronizadas
com o calendário eleitoral.
Os órgãos ambientais precisam agilizar o licenciamento de
projetos de infraestrutura. Até
julho de 2008, o Ibama consumia mais de dois anos para conceder licenças. Um prazo de 13
meses foi estabelecido, mas o órgão ainda alega dificuldades para
cumpri-lo. Há 183 processos de
rodovias em análise, e 101 ainda
carecem até da licença prévia.
Em lugar de usar o pulso para
tornar a repartição federal mais
eficiente, Lula tirou da manga
uma medida provisória. Na manobra, o Planalto teve a Câmara
como adjuvante. Por iniciativa
do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes, o
relator da MP sobre fundo soberano, deputado José Guimarães
(PT-CE), contrabandeou para o
texto a dissonante dispensa de licença prévia no caso de asfaltamento de rodovias existentes.
A alteração tem endereço certo: estradas do PAC onde a pavimentação desencadeia processos de grilagem e desmatamento,
caso típico da Amazônia. O Dnit
afirma que a mais polêmica delas, a BR-319 (Manaus-Porto Velho), não será atingida pela medida, estudo de impacto ambiental
já estaria em fase de aprovação.
Mas a manobra poderá valer para licença de instalação, que autoriza o início das obras.
Se o licenciamento é mais vagaroso do que o necessário, que
seja acelerado. Se a lei contribui
para atrasar obras imprescindíveis, que seja alterada. Fazê-lo à
socapa, contudo, reforça a tese
de que o ciclo eleitoral condenou
às favas o dever de conciliar desenvolvimento com preservação.
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