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ELIANE CANTANHÊDE
Caiu na rede
BRASÍLIA - Como já escreveu
Márcio Aith nesta página, seria ingênuo desprezar o peso da internet
nesta eleição, mas também há uma
dose de exagero em comparar o impacto da internet nos EUA e aqui.
Não custa lembrar que o Brasil
não é exatamente os EUA. A internet tem um peso eleitoral crescente, mas está longe de ser prioritária
ou decisiva num país em que 97%
dos domicílios têm TV aberta e só
18% estão conectados à rede.
Por ora, as campanhas usam a internet para xingar os adversários e,
acessoriamente, falar bem do candidato. No fogo cruzado, os estilhaços sobram para a imprensa.
O "Dataeliane" informa que a rede serve basicamente para o jogo
sujo, com palavrões, ameaças e imputações às vezes graves dos dois
principais lados -os petistas à frente, os tucanos depois-, que tentam
confundir o seu pessoal de ataque
com "leitor" comum. Há quem
acredite.
Eis a "metodologia": as campanhas fazem uma triagem, escolhem
uma trilha e jogam a sua interpretação na rede. Em horas, aquilo vai às
centenas, depois aos milhares. O fato some, a versão se impõe.
Um exemplo concreto: há alguns
anos, mudaram uma vírgula (literalmente) numa coluna minha e o
que ficou foi a versão. A frase era:
"...senão, Lula, o Aedes Aegipt vem,
pica e mata". E virou: "...senão, Lula,
o Aedes Aegipt, (olha a vírgula aí)
vem, pica e mata". Ou seja: como se
eu tivesse chamado o presidente de
mosquito da dengue, pronto a dizimar a população brasileira. Foi a vitória da má-fé.
Até o final do ano, haverá ataques
em série pela internet ao profissionalismo, à credibilidade, às intenções e à honrabilidade principalmente dos candidatos, mas não só
deles. Serra e Dilma, pelo twitter,
posarão de bons moços. Fora dali,
em blogs e por e-mail, seus cães estarão prontos para morder.
A grande dúvida é: isso dá voto? É
mais fácil imaginar que dá raiva e,
em vez de dar voto para um (ou
uma), tira o respeito de todos.
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