São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Guindastes para a Amazônia
ENNIO CANDOTTI
Não há guindastes à vista na mesa do presidente Lula, mas há R$ 3 bilhões na reserva de contingência da Fazenda; recursos recolhidos pela Receita para o uso específico no desenvolvimento de ações em ciência e tecnologia, conforme determina a legislação que criou os fundos setoriais. Nos últimos anos têm sido sacrificados nessa reserva, para alimentar o superávit primário, cerca de 60% dos recursos desses 14 fundos, recolhidos de empresas estatais e privadas. A Comissão de Articulação e Orçamento do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia apresentou na última reunião, dia 6 de maio, presidida pelo próprio presidente da República, a proposta de investir 30% desses recursos contingenciados -isto é, R$ 900 milhões- em um programa de formação e fixação de doutores e especialistas na Amazônia, observando as áreas e especificidades setoriais desses fundos. Uma conta aproximada mostra que, com a liberação de R$ 15 milhões por mês, dos R$ 3 bilhões da reserva, poderíamos formar, em seis anos, 5.000 doutores com esse perfil e, desde logo, fixar na região mil especialistas de boa experiência. Assim, sem comprometer o superávit primário corrente, uma vez que o custeio do programa comprometeria valores crescentes, mas reduzidos nos primeiros anos, seria possível promover um programa estratégico de formação de recursos humanos de longo prazo e de fixação imediata de quadros especializados naquela região. Jovens dispostos a investir nele seu futuro não faltam. Há também cientistas e técnicos prontos a participar de um amplo movimento de C&T para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e lá se fixar. A equação é simples: dispondo de imediato de poucos recursos humanos e materiais para promover o seu desenvolvimento acelerado, deveríamos investir uma pequena parte do que temos (em reserva de contingência) na fixação de pesquisadores e engenheiros experientes e dar a eles as condições necessárias para que possam contribuir para ampliar os conhecimentos e formar os quadros de que tanto necessitamos para ocupar e defender -científica e tecnologicamente- a Amazônia e garimpar os recursos necessários para sustentar o seu desenvolvimento. Tudo a longo prazo, em suaves prestações mensais. Ennio Candotti, 62, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, é presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Olavo de Carvalho: Arma de guerra Índice |
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