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FERNANDO RODRIGUES
Prazo para Dilma e Aécio
BRASÍLIA - Um projeto de lei
apresentado ontem na Câmara é o
casuísmo mais bem maquinado até
agora sobre a eleição do ano que
vem. O objetivo da proposta é simples: reduzir de um ano para seis
meses o prazo mínimo de filiação
partidária para interessados em
disputar cargos em 2010.
A proposta produz dois resultados práticos para os políticos:
1) Fim da fidelidade partidária.
Hoje, quem troca de partido perde o
mandato. Com o prazo de filiação
reduzido para seis meses antes da
eleição, haverá pouco tempo para a
Justiça Eleitoral afastar os eventuais infiéis de suas cadeiras. O risco de punição cai quase a zero. Os
políticos ficam livres. Poderão entrar na disputa eleitoral filiados à sigla que bem entenderem;
2) Eliminação do chamado "setembro negro". Os possíveis candidatos de 2010 têm de fechar pré-acertos sobre coligações até o final
de setembro próximo -quando se
encerra o prazo de filiações. Para os
políticos pragmáticos -a esmagadora maioria-, é muito mais cômodo esperar até abril do ano que vem.
Já estará então mais claro quais serão os candidatos competitivos a
presidente e a governador.
Até o início da noite, PMDB, PT,
PP e PR estavam de acordo em fazer
o projeto tramitar em regime de urgência. É um passo enorme.
Parcelas consideráveis do PT e do
PSDB se beneficiam da redução do
prazo de filiação. Os petistas, porque darão mais tempo a Dilma
Rousseff, no momento submetendo-se a quimioterapia.
Entre os tucanos, a ala ligada a
Aécio Neves ganharia seis meses de
prorrogação para tomar uma decisão sobre o rumo em 2010.
Como se trata de um projeto de
lei ordinária, o texto passa com apenas 129 votos a favor. Por fim, mas
não menos relevante, o autor da
ideia é um especialista em bastidores da Câmara, o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
frodriguesbsb@uol.com.br
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