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Um mês depois
Novos motins são alerta de que o substrato que deu origem à crise na segurança paulista há 30 dias continua preservado
A
PASSAGEM de 30 dias do
mais ousado ataque às
forças de segurança do
Estado de São Paulo já
perpetrado pelo crime organizado foi marcada pela eclosão de
novas rebeliões em presídios. Na
tarde de sexta-feira, três motins
foram iniciados, quase ao mesmo tempo, em unidades do interior paulista. Depois, princípios
de revolta se alastraram para outras cinco unidades.
Apesar de o surto de motins ter
sido contido, com a intervenção
da Tropa de Choque da PM nos
casos mais graves, a facção que
comandou os atentados de meados de maio, disseminou o pânico na população e quase subverteu a ordem pública conseguiu
dar mais um de seus "recados".
Agora, segundo consta, as rebeliões se destinavam a protestar
contra a internação de um dos líderes do bando no regime prisional mais duro que há.
O evento serve para lembrar às
autoridades e à sociedade que o
substrato que deu origem à crise
de um mês atrás continua preservado. Não existe razão para
supor que uma nova onda de
atentados seja uma possibilidade
descartada, nem sequer remota.
Espera-se que os gestores da segurança pública em todos os níveis institucionais estejam aproveitando o momento para corrigir rapidamente as falhas que favoreceram a articulação e o acúmulo de forças da quadrilha.
A troca na pasta da Administração Penitenciária do governo
estadual, por um secretário ao
que parece mais afinado com o
da Segurança Pública, não garante a resolução do problema da
falta de integração entre as duas
áreas. Falta muito para o poder
público chegar a um controle eficaz, inteligente e abrangente das
comunicações nas carceragens
paulistas -um arranjo capaz de
produzir informações em tempo
hábil para prevenir ações mais
ousadas e identificar e prender
os agentes do crime organizado
que atuam fora das grades.
Enquanto o "estilo PCC" se
alastra para fora de São Paulo
-haja vista a sangrenta rebelião
no Espírito Santo-, no Congresso, passado o frenesi dos dias
mais dramáticos da crise paulista, o assunto parece que vai caindo no esquecimento. O "pacote
da segurança" aprovado no Senado no calor dos acontecimentos só deve chegar nesta semana
à Câmara, onde sua tramitação
encontrará dois tipos de obstáculos: a pauta da Casa congestionada por medidas provisórias e
projetos de lei em regime de urgência e os deputados à beira do
recesso de julho e preocupados
com a eleição de outubro.
Se tivessem de escolher um tema do pacote, os congressistas
deveriam aprovar o item que
amplia para 720 dias o período
no qual presos perigosos podem
ficar no regime de detenção mais
rigoroso. O ideal mesmo seria
deixar à Justiça a determinação
do período no qual um determinado detento deve ficar isolado,
avaliando caso a caso, com a participação do promotor e do advogado de defesa, sem que a lei fixasse um tempo máximo.
Tempo, aliás, é algo que autoridades e políticos não têm de sobra se o seu objetivo é evitar uma
nova demonstração de força do
crime organizado em São Paulo.
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