São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Agricultura produtiva

Vivemos hoje sob a égide de um desafio mundial, que é combinar a atividade agrícola com a preservação do meio ambiente.
O conflito decorre da necessidade cada vez maior de áreas de terra para a produção de alimentos, o que em alguns países tem levado a um desmatamento galopante.
Esse é um fato que a todos preocupa. Mas há saídas, porque hoje o que precisamos não é de mais terra para atender ao aumento da demanda. Precisamos é produzir mais no espaço que já existe, mediante investimentos em tecnologia e na qualificação das pessoas que trabalham no campo.
Vejam este exemplo. A Fundação Odebrecht, desde 2003, concentra sua atuação na região do Baixo Sul da Bahia.
São 11 municípios, onde vivem cerca de 250 mil pessoas. O propósito da fundação é criar um modelo de desenvolvimento integrado e sustentável, capaz de tornar próspera e dinâmica uma área rural estagnada e deficitária, mas com grande potencial ambiental.
Através de ações educacionais e de estruturação de cadeias produtivas, o programa está contribuindo para organizar a população regional a partir de unidades-família que vivem da agricultura. O foco é em atividades econômicas vocacionais locais. Uma delas é a produção de mandioca.
Ali, o cultivo da mandioca é uma tradição ancestral, possivelmente herdada dos tupinambás que viveram na região. A produtividade média histórica era de 9 toneladas por hectare.
Com a formação profissional agrícola recebida pelos jovens que ajudam os pais na roça e com o apoio da Embrapa, que desenvolveu estudos e pesquisas para selecionar espécies e melhorar o manejo do plantio até a colheita, a produção passou para uma média de 25 toneladas por hectare -quase o triplo.
Tenho convicção de que o mesmo princípio se aplica ao agronegócio brasileiro, hoje extremamente condicionado à produção de commodities.
Se migrarmos da produção de matérias-primas para produtos de maior valor agregado, vamos mudar o perfil e a qualidade de nossa pauta de exportações -o que, obviamente, depende de mudanças nas políticas governamentais e no comportamento do setor produtivo. Mas são dois caminhos que precisamos trilhar: produzir mais, em menos terra, agregando valor ao que for produzido.
Adicionalmente, com a redução do desmatamento, nos tornaremos elegíveis à obtenção de recursos provenientes de créditos de carbono para financiar os projetos de incremento da produtividade.
É uma equação relativamente simples, que, para se viabilizar, depende exclusivamente da nossa vontade.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br



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