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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Fome Zero
"O programa Fome Zero começou na contramão.
Em vez de o governo começar a trabalhar o programa em silêncio, sem dar muitos detalhes, para só depois que tivesse obtido algum êxito pudesse mostrá-lo nos jornais como uma solução social, não, o Planalto quis que algo saísse rapidamente nos jornais.
Acabou por fazer uma carnavalização do projeto, o que gerou grande expectativa."
Luís Felipe Vendramim (Piracicaba, SP)
 

"Depois de grandes polêmicas, cheguei à conclusão de que o Fome Zero só se viabilizará quando existir no país uma política social inteiramente equilibrada, com uma distribuição de renda que preserve a dignidade do cidadão e com um aumento progressivo no nível de emprego."
Antônio Rochael (Iguape, SP)

Crédito
"Na seção "Tendências/Debates" de 11/ 7 (Opinião, pág. A3), o professor Roberto Luis Troster didaticamente ensina por que não há crédito barato no país (" A galinha dos ovos de ouro e a lei de Laffer').
Na contramão do exposto, eis que o governo estabelece como mais uma base para cobrança do ISS -o imposto municipal sobre serviços- os serviços bancários, o que aumentará certamente ainda mais o "spread" que os bancos cobram. O professor Troster, que, com certeza, escreveu sua brilhante tese antes de mais essa manifestação da sanha arrecadatória do governo, deve estar frustrado."
Armando Navarro de Andrade (Santos, SP)

Terra
"Ao declarar que a prioridade para assentamentos será para os acampados, passando por cima do cadastro já existente, o ministro do Desenvolvimento Agrário, de forma irresponsável, está incentivando novos acampamentos, o que só vai piorar a situação nas áreas em conflito agrário."
Josué Luiz Hentz (São João da Boa Vista, SP)

Transporte
"Os milhares de caminhoneiros que não têm contrato de transporte nem amizade com quem tem carga não estão aguentando tratar de uma família com um caminhão -e o que se comenta nos locais de contratação de caminhoneiros é de fazer chorar.
Cada um tem uma opinião, mas, na verdade, a falta de carga para trabalhar é o xis da questão.
Os planos de financiamento acabam favorecendo os que contratavam carreteiros. O governo quis ajudar ao facilitar a renovação da frota, mas isso vai destruir cada vez mais os autônomos.
As esperanças são de que o presidente encontre uma forma de conseguir novos investimentos para entusiasmar o povo e para que haja um aquecimento geral.
Pelo amor de Deus, ache logo esse caminho!"
José Natan Emídio Neto, presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros (Belo Horizonte, MG)

Pecuária
"Totalmente descabida essa alegação dos frigoríficos exportadores ao dizerem que estão parados porque não existem bois rastreados no Brasil.
Bois existem, sim, o que não existe é estímulo ao pecuarista para vender esses bois a esses frigoríficos, que não oferecem um preço diferenciado para esse produto. Em certos casos, pagam valores até inferiores aos do mercado interno, apesar da exigência rigorosa quanto à qualidade das carcaças.
Eu, como pecuarista, recuso-me a vender meu gado rastreado nas condições atuais, pois, vendendo-o para frigoríficos do mercado interno, recebo um valor melhor pelo meu boi, e as exigências de qualidade são coerentes com a nossa pecuária. Só não vê isso quem não quer.
Os exportadores estão apostando que haverá um crescimento de oferta para os frigoríficos não-exportadores, o que fará cair o preço da arroba. Aí então os exportadores comprarão o gado rastreado por valores ainda menores -como um milagre, os bois rastreados aparecerão."
João Pires Castanho (Mirandópolis, SP)

Previdência
"O governo federal, antes de propor as mudanças na Previdência, procurou satanizar o funcionalismo público argumentando que os funcionários ganham muito bem e pagam muito pouco à Previdência -além de se aposentarem muito cedo (48 anos para mulheres e 53 para homens).
A população em geral pensa que nós somos marajás e que só temos privilégios por sermos funcionários públicos.
Como professor da rede estadual de ensino, ganho a fortuna de R$ 640 de salário-base e R$ 350 em gratificações que não serão incorporadas ao meu salário no cálculo da aposentadoria. Pagaremos 11% de contribuição previdenciária a partir de agosto, pois até então pagávamos 6%.
Leciono desde os 20 anos de idade e vou me aposentar com 60 anos, ou seja, terei contribuído com a Previdência por 40 anos. Não temos FGTS e o que o governo paga como auxílio-alimentação e transporte é irrisório.
Diante de tudo isso, fico pensando: seremos nós que levaremos a Previdência pública à falência? Nós merecemos ser responsabilizados por toda a incompetência administrativa de nossos governantes? Que estímulo o funcionário tem, se ele é visto apenas como "gasto'?"
Sandro Cunha dos Santos (Ribeirão Preto, SP)

Pedras no caminho
"Radicais dizem que o governo traiu os seus princípios.
Oposição (leia-se PSDB) diz que o remédio receitado é adequado, mas que o governo não sabe dosar -dando a entender que o governo anterior sabia.
Judiciário e servidores, entre outros, reclamam das reformas e falam em direitos adquiridos. Até o presidente anterior fala por meio de jornais e de sites.
Assim, quero parabenizar a democracia: esse é o caminho.
Todos têm o direito de reclamar, mas será que já não é hora de reunirmo-nos em torno de um projeto de nação que possa incluir todos e pararmos de olhar apenas para os nossos umbigos (poder, rendas extras, privilégios)?
Questionar é saudável, colocar pedras no caminho do país é que é repugnante!"
Marcos Guimarães (Jundiaí, SP)

Armas
"Está de parabéns o lobby da morte da Taurus e da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC).
Os parlamentares que na comissão mista do Congresso derrubaram a proibição da comercialização de armas no Brasil ficam assim coniventes com a epidemia de homicídios no Brasil, praticados em sua esmagadora maioria com armas de fogo.
A Folha prestaria um grande serviço se publicasse os nomes dos parlamentares cujas campanhas foram financiadas por aquelas empresas."
Paulo Sérgio Pinheiro, professor titular de ciência política e pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Violência da USP (São Paulo, SP)
 

"Marcelo Beraba, na pág. 2 de 18/7, analisa a falência da segurança pública no Rio de Janeiro ao relatar a guerra na favela da Maré -apesar do quartel recém-inaugurado no local pela PM.
Cumpre lembrar que o Rio de Janeiro forneceu apenas cem portes de arma no ano que passou. Aposto um picolé de limão que nenhuma dessas armas estava envolvida no tiroteio."
Ricardo Freire (São Paulo, SP)


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